A ONU também confirmou a morte de 57 funcionários da sua Agência de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente desde o início da guerra entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas.
Numa conferência de imprensa em Jerusalém, o comissário da agência conhecida pela sigla inglesa UNRWA, Philippe Lazzarini, alertou que "muitos morrerão em breve" devido ao cerco imposto por Israel.
"Neste preciso momento, as pessoas em Gaza estão a morrer, não só devido às bombas e aos ataques, mas muitas mais morrerão em breve devido ao cerco imposto à Faixa de Gaza", afirmou, citado pela agência francesa AFP.
"Os serviços básicos estão a entrar em colapso, os fornecimentos de medicamentos, alimentos e água estão a esgotar-se e os esgotos começam a transbordar nas ruas de Gaza", descreveu.
Lazzarini disse que a ajuda que entrou no território palestiniano desde 21 de outubro estão longe de ser suficientes para satisfazer as necessidades dos mais de dois milhões de habitantes do enclave.
"O sistema atual está condenado ao fracasso. O que precisamos é de uma ajuda significativa e contínua, e precisamos de um cessar-fogo humanitário para que esta ajuda possa chegar a quem precisa", afirmou.
A agência da ONU necessita de 160 mil litros de combustível para satisfazer as necessidades humanitárias do enclave sob controlo do Hamas desde 2007.
"Temos combustível apenas para hoje", alertou Lazzarini, segundo a agência espanhola EFE.
Lazzarini disse que entrou algum combustível em Gaza através de um acordo entre Israel e o Qatar, mas a UNRWA só poderá continuar as operações e a abastecer "parceiros, padarias e hospitais" se tiver acesso a esse fornecimento.
"O facto de termos ou não acesso a esse combustível só será possível se houver um desanuviamento com Israel", admitiu.
O Hamas anunciou que mais de sete mil pessoas foram mortas desde o início da campanha de bombardeamento, lançada por Israel após o ataque sem precedentes do grupo islamita no seu território, em 07 de outubro.
Questionado sobre estes números, Philippe Lazzarini disse que em guerras anteriores em Gaza, os balanços fornecidos pelo Hamas "eram considerados credíveis e nunca ninguém os questionou".
Se o número total de vítimas mortais for relacionado com o número de funcionários das agências da ONU mortos, "encontramos mais ou menos a mesma percentagem", referiu.
Lazzarini confirmou a morte de pelo menos 57 funcionários da ONU desde o início da guerra atual entre Israel e o Hamas.
"Mães, pais, pessoas magníficas, que dedicaram as suas vidas à sua comunidade" e que "se não estivessem em Gaza, poderiam ter sido vossos vizinhos", acrescentou.
A guerra foi desencadeada por ataques do Hamas em solo israelita, sem precedentes pela violência e dimensão.
Israel disse que o Hamas matou mais de 1.400 pessoas, na maioria civis, e raptou duas centenas de israelitas e estrangeiros, que mantém como reféns na Faixa de Gaza.
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