Brasileiros "salvaram" a democracia há um ano ao elegerem Lula

Nas eleições presidenciais mais renhidas de sempre no Brasil, há um ano, quando Lula da Silva venceu o então chefe de Estado, Jair Bolsonaro, o povo brasileiro salvou a democracia, diz hoje a Presidência brasileira.

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Lusa
30/10/2023 10:11 ‧ 30/10/2023 por Lusa

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Em declarações à Lusa, José Chrispiniano, que atuou na campanha de Lula da Silva e hoje é secretário de imprensa da Presidência, diz que o agora chefe de Estado reconhece que "foi a campanha mais difícil das várias em que participou" e não tem dúvidas em afirmar, perante o que aconteceu de seguida e está a ser investigado e julgado, que naquele dia a democracia "foi salva pelo povo".

O resultado da segunda volta das presidências de 30 de outubro de 2023 comprovam estas afirmações: Lula da Silva teve 50,90% (60.345.999 votos) e Jair Bolsonaro 49,10% (58.206.354 votos).

Durante a longa campanha, altamente polarizada, Lula da Silva teve de enfrentar, recordou a mesma fonte, o uso da máquina pública por parte de Bolsonaro e seus aliados, notícias falsas, ataques e ainda críticas infundadas sobre a credibilidade do processo eleitoral e das urnas eletrónicas.

Depois da vitória, não reconhecida por Jair Bolsonaro, houve uma escalada de ataques de apoiantes do ex-Presidente, que desde o dia seguinte às eleições iniciaram mobilizações para incentivar um golpe contra Lula da Silva.

Durante semanas bloquearam estradas, em meados de dezembro invadiram uma unidade policial de Brasília e, dias depois, deixaram um artefacto explosivo próximo ao aeroporto da capital, que foi desativado pela polícia, na véspera de Natal.

Em paralelo, acamparam durante meses à frente de quartéis militares de todo o país apelando a uma intervenção militar para não permitir a tomada de posse de Lula da Silva a 01 de janeiro de 2023. No acampamento em Brasília chegaram a morar cerca de 10.000 pessoas.

Enquanto isso, Bolsonaro e o seu partido continuavam a não reconhecer o resultado das eleições tendo mesmo chegado a pedir às autoridades eleitorais a anulação de parte das urnas utilizadas, sem provas credíveis.

Tudo isto culminou nos ataques em Brasília, a 08 de janeiro de 2023.

Milhares de apoiantes do ex-Presidente invadiram e vandalizaram as sedes do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto, em Brasília, numa tentativa de golpe de Estado para depor Lula da Silva da Presidência, à semelhança do ocorrido nos Estados Unidos por partidários do então ex-presidente Donald Trump, derrotado nas urnas, antes da posse do atual chefe de Estado norte-americano, Joe Biden, em 06 de janeiro de 2021.

"Os fatos de 08 de janeiro e outros episódios que estão sendo investigados (como uma 'minuta' de golpe que circulou entre altos membros do governo anterior) mostraram que parte dos seguidores e membros do antigo Governo não se conformaram e planearam ações contra o resultado das urnas", disse à Lusa José Chrispiniano.

"Por isso acreditamos sim que a democracia brasileira foi salva naquele dia, pelo próprio povo brasileiro", frisou o secretário de imprensa da Presidência do Brasil.

José Chrispiniano referiu-se à chamada 'minuta golpista', um decreto que teria como objetivo reverter o resultado das eleições promovendo uma intervenção no tribunal eleitoral que foi encontrado em casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, durante uma operação por suposto conluio durante os ataques de seguidores de Bolsonaro aos três poderes na Esplanada dos Ministérios, em 08 de janeiro deste ano.

Até agora, o Supremo Tribunal Federal já condenou 20 pessoas pelos atos de 08 de janeiro com penas que variam entre os três e os 17 anos de prisão.

Desde o dia dos atos antidemocráticos, mais de 1.800 pessoas foram presas e mais de uma centena permanece detida.

A justiça brasileira investiga ainda Jair Bolsonaro para esclarecer se teve participação na instigação dos atos golpistas, e também estão a ser investigados funcionários públicos e outras autoridades suspeitas de omissão ou de facilitação dos ataques.

Leia Também: Lula acusa Netanyahu de querer "acabar com a Faixa de Gaza"

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