Nobel da Paz em greve de fome contra condições na prisão foi ao hospital

A iraniana vencedora do Prémio Nobel da Paz deste ano, Narges Mohammadi, foi hoje transportada para um hospital para ser submetida a exames médicos, dois dias depois de ter iniciado uma greve de fome por falta de cuidados hospitalares.

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© BEHROUZ MEHRI/AFP via Getty Images

Lusa
08/11/2023 15:58 ‧ 08/11/2023 por Lusa

Mundo

Narges Mohammadi

"Narges Mohammadi foi enviada para um hospital fora da prisão depois de se ter comprovado o seu [mau] estado de saúde", informou a Direção-Geral das Prisões do Irão, citada pelo jornal iraniano Shargh.

"Devido à ausência de problemas graves, a prisioneira foi enviada de volta à prisão para continuar a sua pena", acrescentaram os serviços prisionais.

Os ativistas iranianos Alireza Khoshpat e Alieh Motalebzadeh confirmaram na rede social X (antigo Twitter) que Mohammadi foi levada ao hospital.

A ativista, de 51 anos, detida na prisão de Evin, em Teerão, foi submetida a um exame aos pulmões, que revelou "um estado normal", e a uma angiotomografia coronária, cujos resultados serão conhecidos posteriormente.

Mohammadi, que sofreu um ataque cardíaco em 2022, iniciou uma greve de fome na segunda-feira para protestar contra a falta de cuidados médicos nas prisões e a obrigatoriedade do uso do véu islâmico no país.

As autoridades iranianas negaram há duas semanas levar Mohammadi a um hospital para exames pulmonares e cardíacos porque ela se recusar a usar um véu islâmico ('hijab').

O Comité Norueguês do Nobel atribuiu no mês passado o prestigiado prémio a Mohammadi "pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irão e pela promoção dos direitos humanos e da liberdade para todos".

A Fundação Nobel relacionou o ativismo de Mohammadi com os protestos desencadeados no ano passado no Irão, após a morte, sob custódia policial, da jovem Mahsa Amini, detida por não usar corretamente o véu islâmico.

O Governo iraniano considerou a atribuição do prémio à ativista como "um ato político" e uma medida de "pressão" do Ocidente.

Mohammadi cumpre atualmente uma pena de 10 anos de prisão por "espalhar propaganda contra o Estado", mas tem entrado e saído de várias prisões iranianas nos últimos anos.

O seu ativismo custou-lhe 13 detenções, cinco penas no total de 31 anos de prisão e 154 chicotadas.

A jornalista e ativista não vê os filhos, que estão em Paris, há oito anos e passou longos períodos em confinamento solitário.

Leia Também: Nobel da Paz em greve de fome contra condições na prisão e véu islâmico

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