Um tribunal mexicano condenou na terça-feira onze antigos agentes policiais de uma força de segurança especializada a 50 anos de prisão cada um, concluindo assim o caso do massacre de 17 migrantes e dois mexicanos em 2021, junto à fronteira entre o país e os Estados Unidos.
O anúncio da pena surge depois dos mesmos agentes terem sido considerados culpados no início do ano pelos crimes de homicídio e de abuso de autoridade. Segundo explicaram as autoridades mexicanas, citadas pela Associated Press, os agentes faziam parte de uma força de elite no estado de Tamaulipas, conhecida como 'GOPES'.
Um 12.º homem foi condenado a 19 anos de prisão por ter sido considerado culpado apenas pelo crime de abuso de autoridade.
O incidente ocorreu em janeiro de 2021, quando os agentes dispararam sobre veículos que acreditavam pertencer a um cartel de tráfico de drogas, sendo que estas organizações acabam por se envolverem no tráfico de migrantes na fronteira no norte do México.
Os agentes levaram os corpos das vítimas para uma zona isolada e queimaram os cadáveres, para tentar esconder o crime. Mas as vítimas acabaram por ser encontradas pelas autoridades, empilhadas numa carrinha de caixa aberta perto do Rio Grande, que separa o México do estado norte-americano do Texas.
As autoridades forenses também se depararam com 113 ferimentos de bala nos corpos, mas não foram encontrados cartuchos quase nenhuns, levando à conclusão que os agentes se aperceberam que estes seriam facilmente identificados e, portanto, tentaram apanhar todos.
Segundo a Associated Press, maioria dos migrantes provinha de uma comunidade rural no Guatemala e o seu desaparecimento a caminho dos EUA foi notada pelos familiares, que alertaram as autoridades.
O grupo fazia parte de uma força especial que, sob outra designação, já tinha sido implicada em abusos de direitos humanos na fronteira entre o México e os Estados Unidos, sendo que a anterior agência de segurança foi extinta. Alguns dos membros da GOPES foram treinados por militares norte-americanos, pelo que as autoridades norte-americanas garantiram que o seu treino "teve lugar em 2016 e 2017 e estava em linha" com regras sobre direitos humanos.
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