"Após uma análise minuciosa das provas, o diretor do Ministério Público está convencido de que existem provas suficientes para processar 95 suspeitos", afirmou o procurador, em comunicado.
O "massacre de Shakahola", que recebeu o nome de uma floresta no Quénia, onde se reunia uma seita evangélica, abalou este país altamente religioso da África Oriental.
Na semana passada, o tribunal deu às autoridades 14 dias para apresentarem queixa contra Paul Nthenge Mackenzie, sob pena de este ser libertado.
Paul Nthenge Mackenzie, motorista de táxi antes de se proclamar pastor, está detido desde 14 de abril, dia em que foram descobertas as primeiras vítimas na floresta de Shakahola. Desde então, foram encontrados 429 corpos nesta zona de mato na costa do Quénia.
A detenção de Paul Nthenge Mackenzie foi prolongada várias vezes para permitir a busca de vítimas na floresta de Shakahola (sudeste), local onde se reunia a sua "Igreja Internacional da Boa Nova". O pastor pregava o jejum até à morte para "encontrar Jesus" antes do fim do mundo.
Mackenzie e os coarguidos serão objeto de 10 acusações, incluindo homicídio, homicídio involuntário e terrorismo.
Não foi especificado quando é que os 95 suspeitos serão presentes a tribunal, mas, segundo o comunicado de imprensa, os tribunais pretendem "dar início ao processo o mais rapidamente possível".
As autópsias revelaram que a maioria das vítimas morreu de fome, provavelmente depois de terem seguido as pregações de Paul Nthenge Mackenzie. Algumas, incluindo crianças, foram estranguladas, espancadas ou sufocadas.
São acusadas 16 pessoas de fazerem parte de um grupo próximo do pastor responsável por garantir que nenhum seguidor quebrasse o jejum ou fugisse da floresta.
As autoridades foram criticadas por não terem conseguido impedir as atividades de Mackenzie, detido em várias ocasiões devido às suas pregações extremistas.
Num relatório publicado em outubro, uma comissão do Senado apontou deficiências no sistema judicial e na polícia.
O pastor foi também, em novembro de 2023, considerado culpado num caso de distribuição de filmes não classificados e de gestão de um estúdio cinematográfico não licenciado para divulgar as suas ideias, encontrando-se a cumprir uma pena de um ano no âmbito desse processo.
Este caso remonta a 2019, quando Mackenzie foi acusado de incitar menores a não frequentarem a escola através dos seus vídeos, bem como de difundir ideias contra hindus, budistas e muçulmanos.
O pastor, que aparecia a pregar em muitos dos vídeos, negou as acusações, mas reconheceu que publicou as imagens no seu canal no YouTube, ligado à Igreja que liderava.
Leia Também: Quénia transfere 21 rinocerontes negros para uma reserva natural maior