Kim Jong-un afirmou, na passagem de ano, que península coreana está "cada vez mais perto de um conflito armado" e na semana passada ordenou a retirada de símbolos de reconciliação com a Coreia do Sul, apelidada de "inimigo principal invariável" e "fantoche de primeira classe".
Em resposta, o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, indicou que os comentários de Kim mostram a natureza "antinacional e anti histórica" da administração norte-coreana, afirmando que o seu país mantém a prontidão em termos de defesa e vai punir o Norte "múltiplas vezes", se houver provocação.
Eis alguns pontos essenciais sobre a crescente hostilidade entre as duas Coreias:
Declarações Kim Jong-un
Na sessão do passado dia 15 da Assembleia Popular Suprema, o líder comunista norte-coreano ordenou que a constituição do país fosse reescrita para definir a Coreia do Sul como "inimigo principal invariável".
Kim Jong-un também determinou a retirada de símbolos de reconciliação para "eliminar completamente conceitos como 'reunificação', 'reconciliação' e 'compatriotas' da história" norte-coreana, assim como a desativação de organismos responsáveis pela cooperação com o Sul.
Na base das decisões, segundo o responsável, está a "histeria de confrontação" por parte de Coreia do Sul e dos Estados Unidos, que levou a "uma fase extrema" na península.
Manobras militares
Os testes de mísseis de cruzeiro como os realizados na quarta-feira por Pyongyang não são abrangidos pelas sanções impostas pela ONU à Coreia do Norte, ao contrário de mísseis balísticos e de armas nucleares.
Depois de entre 15 e 17 de janeiro, a Coreia do Sul, Estados Unidos e o Japão realizarem manobras navais conjuntas no espaço marítimo sul da península coreana, perto da ilha de Jeju, na passada sexta-feira, Pyongyang anunciou ter testado um "sistema de armas nucleares submarinas".
As manobras ocorreram após a Coreia do Norte divulgar a realização de um lançamento de um míssil balístico de alcance intermédio e combustível sólido, apontado como o primeiro teste deste tipo em 2024.
A 05 de janeiro, na sequência de exercícios de artilharia da Coreia do Norte, na fronteira marítima no mar Amarelo, a Coreia do Sul emitiu uma ordem de evacuação para duas ilhas.
Para este ano, a Coreia do Norte traçou como objetivo o envio de mais três satélites 'espiões', depois de um primeiro lançamento em novembro de 2023.
Condenação dos testes norte-coreanos
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte considerou como uma "violação desenfreada" a reunião à porta fechada, no dia 18 de janeiro, do Conselho de Segurança da ONU para discutir designadamente o teste de lançamento de um míssil hipersónico por Pyongyang.
Além dos Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul, também a União Europeia condenou "energicamente" o lançamento.
Em 2021 e 2022, o regime da Coreia do Norte tinha já testado mísseis que chamou de "hipersónicos", que atingem pelo menos cinco vezes mais do que a velocidade do som, mas com combustível líquido, que é considerado menos eficiente.
Relações Pyongyang-Moscovo
Esta semana, o Kremlin admitiu uma eventual visita de Vladimir Putin à Coreia do Norte depois das eleições presidenciais russas de março.
Há vários meses que se somam especulações sobre a eventual deslocação do presidente russo, sobretudo depois de Kim Jong Un ter viajado para território russo em setembro e à luz das acusações dos Estados Unidos e seus aliados sobre uma possível cooperação militar entre Moscovo e Pyongyang.
As acusações passam mesmo por a Rússia utilizar munições, incluindo mísseis balísticos norte-coreanos na guerra contra a Ucrânia.
Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão condenaram na semana passada o aumento da "retórica "hostil" e assinalaram que o envio de armas para a Rússia "exige atenção e resposta coordenadas".
Na semana passada, o presidente russo recebeu a ministra norte-coreana dos Negócios Estrangeiros, Choe Son Hui. No âmbito da visita, o chefe da diplomacia da Rússia, Serguei Lavrov, agradeceu o apoio "à posição da Federação Russa, incluindo em questões relativas à operação militar especial" levada a cabo na Ucrânia.
A direção-geral de serviços de informação do Ministério da Defesa da Ucrânia tem insistido em que a Coreia do Norte é um dos fornecedores de armas, principalmente munições de artilharia.
Guerra Israel-Hamas
Os serviços de informação da Coreia do Sul afirmaram que o movimento islamita palestiniano Hamas tem utilizado armas procedentes da Coreia do Norte no conflito com Israel, o que foi negado por Pyongyang.
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