O Quénia concordou em liderar esta força multinacional e enviar até mil polícias para o Haiti, mas na sexta-feira um tribunal queniano bloqueou a decisão do Governo, considerando-a "inconstitucional, ilegal e inválida".
O Governo do Haiti disse estar "a acompanhar o desenvolvimento do caso no Quénia e a esperar um resultado rápido e positivo", de acordo com um comunicado divulgado no domingo.
O executivo haitiano agradeceu "aos muitos países que (...) ofereceram diferentes tipos de ajuda para restaurar a ordem e a segurança o mais rapidamente possível", indicou, na mesma nota, na qual pediu à população para "manter a calma" e "não cair na armadilha da intimidação através de campanhas de desinformação e ameaças de violência".
O Governo do Quénia anunciou já que ia "contestar imediatamente" o veredicto do tribunal de Nairobi.
Também no domingo, os Estados Unidos pediram à comunidade internacional para apoiar a missão da ONU no Haiti.
"O compromisso dos Estados Unidos para com o povo do Haiti permanece inabalável", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano Matthew Miller, em comunicado.
"Reafirmamos o nosso apoio aos esforços internacionais em curso para o envio de uma missão multinacional de apoio à segurança no Haiti (...) e renovamos os nossos apelos à comunidade internacional para que dê apoio urgente a esta missão", acrescentou.
A violência dos gangues no Haiti causou quase cinco mil mortes, incluindo mais de 2.700 civis, em 2023, de acordo com um relatório apresentado na terça-feira pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.
Na altura, o representante especial adjunto da ONU no Haiti disse esperar que a missão esteja em funções "durante o primeiro trimestre" deste ano.
Em outubro, a ONU deu luz verde a esta força, que conta igualmente com o apoio dos Estados Unidos.
"Há uma necessidade urgente de a comunidade internacional responder aos níveis sem precedentes de violência de gangues e forças desestabilizadoras que visam o povo haitiano", disse Matthew Miller.
O assassínio do Presidente Jovenel Moïse, em 2021, mergulhou o Haiti no caos, numa altura em que o país já era palco da violência de grupo de crime organizado.
Os gangues controlam agora 80% de Porto Príncipe, enquanto o número de crimes graves está a atingir níveis recorde, de acordo com o representante da ONU no país.
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