Quase 11 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar na Etiópia

A ONU alertou hoje que a situação de insegurança alimentar na Etiópia devido à seca continuará a aumentar nos próximos meses para 10,8 milhões de pessoas, mas que é ainda possível evitar uma "grande catástrofe humanitária".

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Lusa
02/02/2024 12:53 ‧ 02/02/2024 por Lusa

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"O Governo da Etiópia e os parceiros humanitários efetuaram uma avaliação e análise da situação, que concluiu que o número de pessoas em situação crítica de insegurança alimentar vai continuar a aumentar nos próximos meses, atingindo um pico de 10,8 milhões durante a época de escassez de julho a setembro", afirmou a organização em comunicado.

O impacto da seca induzida pelo fenómeno meteorológico do El Niño afetou as chuvas de verão, provocando uma grave escassez de água, campos secos e colheitas reduzidas, o que resultou num aumento da desnutrição.

"Embora a situação em muitas destas áreas seja já alarmante, existe uma oportunidade para evitar uma catástrofe humanitária de grandes proporções", alertou a ONU na nota, emitida em conjunto com a Comissão Etíope de Gestão do Risco de Catástrofes.

Cerca de 6,6 milhões de pessoas já estão a receber ajuda alimentar nas zonas afetadas, mas a ONU advertiu que há pouca margem para evitar "uma maior deterioração" da situação e que é necessária uma "ação urgente".

A zona mais afetada e vulnerável é o norte da Etiópia, que ainda não recuperou da guerra de 2020-2022 na região do Tigray entre o Governo federal etíope e as forças estaduais do Tigray, que causou centenas de milhares de mortos.

Tanto o estado do Tigray como os estados vizinhos de Afar e Amhara estão a sofrer de insegurança alimentar.

Estas regiões já ultrapassaram os limiares de crise reconhecidos pelas Nações Unidas, que sublinharam que a situação atual não reflete condições de fome.

De acordo com as Nações Unidas, para que seja declarado o estado de fome é necessário que estejam presentes três fatores: 20% dos agregados familiares enfrentam carências alimentares extremas, pelo menos 30% das crianças sofrem de subnutrição aguda e a taxa de mortalidade diária é superior a duas por 10.000 pessoas.

Mais de 860 pessoas morreram de fome no Tigray nos quatro meses até dezembro de 2023, confirmaram as autoridades regionais à agência de notícias EFE em 18 de janeiro.

A Etiópia tem enfrentado inundações e chuvas torrenciais, que atingiram partes do sul do país nos últimos meses devido ao El Niño, bem como uma seca persistente no norte.

Leia Também: Centenas de etíopes morreram à fome e milhões precisam de ajuda alimentar

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