Portugal compromete-se com escola ucraniana destruída pelo "horror" russo
O ministro da Educação declarou hoje compromisso total de Portugal na recuperação duma escola em Jitomir, que espelha "o horror" da destruição causada pela invasão russa da Ucrânia, e que será "o embrião de um projeto educativo".
© Lusa
Mundo Ucrânia/Rússia
João Costa, que iniciou hoje, com o seu colega dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, uma visita de dois dias à Ucrânia, destacou a importância de que a recuperação do liceu 25, destruído em março de 2022 por um bombardeamento aéreo no início da invasão russa, não seja uma mera reconstrução de paredes e que esteja alinhada com "um projeto educativo europeu moderno", afastado de uma visão "muito fechada de escola que era ainda a herança soviética".
Os dois governantes visitaram hoje os escombros do Liceu 25, após terem participado de manhã no III Fórum de Reconstrução de Jitomir, região situada a cerca de 150 a oeste da capital ucraniana, com dezenas de intervenientes ao longo do dia, numa organização tripartida de Portugal, Ucrânia e Estónia.
"É um horror que mostra bem [o que acontece] quando há ataques a alvos civis, escolas em particular", comentou aos jornalistas João Costa, perante o cenário do estabelecimento de ensino arrasado pelos bombardeamentos russos, que naquele dia visaram também uma unidade especial do exército ucraniano, atingindo igualmente um hospital e uma maternidade e provocando, de acordo com as autoridades locais, quatro mortos num mercado nas imediações.
O ministro da Educação recordou que esta iniciativa, cujo memorando de entendimento foi hoje assinado durante o Fórum de Jitomir, partiu das autoridades ucranianas, que confiaram a Portugal a reconstrução do Liceu 25, para que "seja o embrião de uma reforma do projeto educativo".
João Costa deixou a promessa de "compromisso total" em relação "a este projeto de monta, que vai reconfigurar todo o espaço escolar", não só na reabilitação do edifício atingido como noutras infraestruturas, como espaços culturais, com vista a que se obtenha "uma escola nova em termos de paredes e de projeto educativo".
O ministro não se comprometeu com datas, ressalvando que "há em contextos destes sempre muitos imponderáveis", iniciando-se agora o processo de contratação pública para que a reconstrução seja executada "o mais rapidamente possível".
A ideia é ainda multiplicar este tipo de iniciativas, no quadro de um projeto da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) chamado "Aprender durante a crise", e que, segundo explicou o ministro, procura "pensar para o futuro sistemas educativos resilientes" em contextos adversos.
Durante o Fórum de Reconstrução de Jitomir, João Costa defendeu que, num projeto educativo, "é muito importante seguir os valores da democracia", que têm a ver com o envolvimento da comunidade, "não tem a ver com individualismo, não tem a ver com invasões".
O Liceu 25 continua hoje praticamente como se encontrava no início de março quando foi visitado pela Lusa, poucos dias após o bombardeamento, que arruinou três pisos do edifício, mas não causou vítimas graves porque as aulas já estavam suspensas desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022.
Alguns residentes num prédio vizinho ficaram feridos com os estilhaços das janelas partidas e metade da escola ficou destruída.
Num raio de cerca de 30 metros, até ao limite de uma igreja protestante que escapou incólume, o solo continua coberto por uma camada de tijolos de cimento projetados pela explosão.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Educação portugueses chegaram hoje de manhã a Kiev para uma visita de dois dias, ao longo da qual dedicaram a agenda de hoje ao setor educativo em Jitomir e, na terça-feira, serão recebidos pelo Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e manterão reuniões com os seus homólogos.
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