ONU demarca-se de corredor marítimo e porto temporário em Gaza dos EUA

A ONU demarcou-se hoje do corredor de ajuda marítima em Gaza que Estados Unidos e União Europeia (UE) abrirão este fim de semana e garantiu que nada pode substituir o transporte terrestre de mantimentos em grande escala.

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© Lev Radin/Pacific Press/LightRocket via Getty Images

Lusa
08/03/2024 20:12 ‧ 08/03/2024 por Lusa

Mundo

Israel/Palestina

"Obviamente estamos satisfeitos que a ajuda chegue por outros meios, mas nada pode substituir a chegada da ajuda e do tráfego comercial em grande escala através de rotas terrestres", explicou Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, em conferência de imprensa.

Dujarric esclareceu ainda que a organização não está envolvida na construção de um porto temporário na costa de Gaza, anunciada na quinta-feira pelos Estados Unidos, precisamente para canalizar a ajuda que chega por esse corredor marítimo desde o Chipre, e que a organização não integra a iniciativa a nível "operacional".

No anúncio do corredor marítimo, porém, as partes signatárias (EUA, UE, Chipre, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido) garantiram que estavam a trabalhar em conjunto com a coordenadora da ajuda humanitária para Gaza, Sigrid Kaag, nomeada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, na sequência de uma resolução do Conselho de Segurança para aumentar o envio de suprimentos para o enclave sitiado.

Dujarric admitiu existir confusão por se tratar de uma situação muito fluida, mas deixou claro que a ONU "não é um participante operacional neste corredor".

"Obviamente estes parceiros estão a montar uma operação em conjunto, é normal que estejamos lá e falemos com eles para garantir que todos os esforços, todo o dinheiro e toda a ajuda que é enviada é distribuída da forma mais segura e coordenada possível", indicou.

O porta-voz não conseguiu confirmar se os navios que utilizam este corredor humanitário transportarão ajuda das agências da ONU.

Dujarric manifestou ainda a sua consternação com a informação que aponta para a morte de cinco pessoas após a falha de um dos paraquedas com que vários países - como Egito, França e Estados Unidos - enviam alimentos para o enclave, sujeito a constantes bombardeamentos desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em outubro.

"Isto deveria ser um lembrete da razão pela qual é necessário um cessar-fogo humanitário imediato, mais acesso rodoviário e uma melhor coordenação com as autoridades israelitas", defendeu o porta-voz.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 154.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza 30.878 mortos, pelo menos 72.298 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.

Leia Também: Hamas exclui "qualquer cedência" em exigências para cessar-fogo

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