De acordo com o regulamento, as emissões dos veículos pesados vendidos a partir de 2030 devem ser reduzidas em pelo menos 45% em relação a 2019, depois reduzidas em 65% em 2035 e 90% em 2040.
A partir de 2035, essas obrigações também se aplicarão aos veículos de recolha de lixo e aos camiões de construção.
Os autocarros urbanos colocados em serviço a partir de 2035 devem ter 100% de emissões zero, com emissões reduzidas em 90% até 2030.
Os eurodeputados validaram por 341 votos (268 contra, 14 abstenções) o acordo político concluído em meados de janeiro entre os negociadores do Parlamento Europeu e os Estados-membros, enquanto se aguarda a 'luz verde' final dos 27 Estados-membros.
O eurodeputado neerlandês Bas Eickhout, dos Verdes, relator deste acordo, sublinhou que "a transição para camiões e autocarros com emissões nulas é fundamental não só para cumprir os objetivos climáticos, mas também é um fator crucial para um ar mais limpo nas cidades".
"Estamos a proporcionar clareza a uma das principais indústrias transformadoras da Europa e um forte incentivo ao investimento na eletrificação e no hidrogénio", vincou, citado num comunicado do Parlamento Europeu.
A questão é crucial para os objetivos climáticos: os camiões e os autocarros geram mais de 6% das emissões de gases com efeito de estufa da UE, um quarto das emissões dos transportes rodoviários.
A União Europeia (UE), que visa a neutralidade carbónica até 2050, já tinha aprovado o fim das vendas de novos automóveis de passageiros com motores térmicos em 2035.
Para os veículos pesados de mercadorias, que funcionam com gasóleo ou gasolina, a mudança para veículos elétricos ou a hidrogénio (células de combustível ou motores de combustão modificados) parece inevitável.
A alemã Daimler e a sueca Volvo já anunciaram que irão produzir em massa células de combustível de hidrogénio para camiões a partir de 2025. A número um do mundo, Mercedes-Benz Trucks, apresentou recentemente o seu primeiro modelo de camião elétrico de longa distância.
Esta legislação "reduzirá as emissões de CO2 dos veículos pesados de mercadorias em 62% em 2050 em comparação com 1990, e ajudará os fabricantes europeus a enfrentar os seus concorrentes americanos e chineses" impulsionados pelos subsídios nos seus respetivos países, referiu a organização não-governamental (ONG) Transportation&Environment.
Para cumprir as novas reduções de CO2, a Associação dos Fabricantes Europeus de Automóveis (ACEA), lembra, no entanto, a necessidade de implementar infraestruturas de carregamento elétrico e abastecimento de hidrogénio, sistemas de fixação de preços de carbono e medidas de apoio aos investimentos.
Para atingir as metas para 2030, mais de 400 mil veículos elétricos e a hidrogénio terão de ser colocados em circulação, e a Europa precisará então de pelo menos 50 mil estações de carregamento elétrico e pelo menos 700 estações de carregamento de hidrogénio, segundo a ACEA.
A Comissão Europeia terá posteriormente de avaliar uma possível tolerância para camiões que funcionam com combustíveis sintéticos (produzidos a partir de CO2 da indústria), tal como exigido pela Alemanha.
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