"O curso de ação, ou inação, do regime sírio durante os últimos 10 anos foi o de aceitar os golpes e responder muito minimamente ou não responder de todo porque a prioridade do regime de Assad era cuidar da sua própria sobrevivência internamente e não abrir uma frente com Israel", argumentou o diretor do Instituto Issam Fares de Políticas Públicas e Assuntos Internacionais da Universidade Americana de Beirute, Joseph Bahout, durante um seminário hoje realizado a partir de Londres.
Segundo o politólogo, que falou o durante o seminário "Israel-Palestina: Como a instabilidade regional está a afetar a Síria", organizado pelo centro de estudos Chatham House, as capacidades militares da Síria estão enfraquecidas e o regime de Damasco governa uma parte muito pequena do país, dependendo no resto do território dos principais apoiantes, Irão e Rússia.
"Israel não tem propriamente visado o próprio regime. Visa 'proxies' iranianos ou agentes iranianos diretamente na Síria, e quando, raramente, atinge bens do próprio regime, este responde de forma cosmética", acrescentou.
O académico sírio Haid Haid, investigador da Chatham House, mencionou, por exemplo, como o recente ataque atribuído a Israel que visou as instalações diplomáticas iranianas em Damasco, capital da Síria, e que matou sete membros da Guarda Revolucionária iraniana e seis cidadãos sírios, foi relativizado pelo regime sírio, uma vez que Bashar al-Assad quer distanciar-se da escalada regional.
"O regime quer manter-se fora dela por diferentes razões. Uma delas é a zanga que começou com o Hamas em 2012, quando o Hamas se aliou à revolução [síria]", explicou o académico, que também participou no seminário.
Outros aspetos, acrescentou, estão mais relacionados com a situação interna, nomeadamente a debilidade económica, a vulnerabilidade militar e a pressão dos países regionais a Bashar al-Assad para não se envolver em conflitos regionais.
"Bashar al-Assad contrabalançou isso, permitindo ou tolerando o lançamento de ataques a partir da Síria contra Israel, bem como contra as forças dos Estados Unidos na Síria, e também permitiu ou tolerou a canalização de armas através da Síria, tanto através da Jordânia como do Líbano, para os palestinianos", apontou ainda Haid Haid, no mesmo evento.
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