ONU diz que ultimato sobre Rafah é "desumano"

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, classificou o ultimato das autoridades israelitas sobre Rafah, sul de Gaza, como "desumano" e advertiu que a deslocação forçada de civis constitui um crime de guerra.

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© Meiramgul Kussainova/Anadolu Agency via Getty Images

Lusa
06/05/2024 18:07 ‧ 06/05/2024 por Lusa

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Médio Oriente

"Isto é desumano. É contrário aos princípios básicos das leis internacionais humanitárias e dos direitos humanos, que têm como preocupação primordial a proteção efetiva dos civis", afirmou Volker Türk, em comunicado.

"Os habitantes de Gaza continuam a sofrer com as bombas, as doenças e até com a fome. E hoje, foi-lhes dito que têm de se deslocar mais uma vez porque as operações militares israelitas em Rafah vão aumentar", denunciou o responsável em comunicado, horas depois da ordem de evacuação dada pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) relativa a alguns bairros de Rafah, cidade no sul do enclave palestiniano.

Nesse sentido, advertiu que a transferência "forçada" de centenas de milhares de pessoas para zonas "já arrasadas" e onde não há abrigo nem ajuda humanitária é "inconcebível".

Na sua opinião, "só vai expor [os habitantes] a mais perigo e miséria", uma vez que não há nenhum lugar em todo o enclave palestiniano que possa ser considerado seguro.

"O direito humanitário internacional proíbe ordenar a deslocação de civis por razões relacionadas com o conflito, a menos que a segurança dos civis envolvidos ou razões militares imperativas o exijam e, mesmo assim, sob reserva de requisitos legais rigorosos. O não cumprimento destas obrigações pode constituir uma deslocação forçada, que é um crime de guerra", referiu Volker Türk em comunicado.

O alto comissário lamentou, na sua nota, que os últimos ataques já tenham provocado a morte de mais de 20 pessoas em Rafah e a suspensão do fluxo de ajuda numa zona que é fundamental para a entrada de bens e fornecimentos essenciais em Gaza.

De acordo com Türk, a intensificação dos ataques "não é a resposta" e as partes devem acordar um cessar-fogo e permitir a entrada maciça de ajuda.

"As lições dos últimos sete meses de conflito em Gaza são claras - com as mulheres e as crianças a representarem mais de 70% dos mais de 120.000 mortos, feridos e desaparecidos. Chega de mortes", sublinhou.

Por outro lado, exortou o grupo islamita palestiniano Hamas a libertar "de uma vez por todas" os reféns que tem em seu poder desde os ataques de 07 de outubro do ano passado em solo israelota.

"Os que optam por desrespeitar o direito humanitário internacional e os direitos humanos devem ser responsabilizados", afirmou.

O exército israelita apelou nas últimas horas aos palestinianos para que abandonem "imediatamente" os bairros da parte oriental da cidade de Rafah, junto à fronteira com o Egito, perante a iminência de uma ofensiva em que as tropas de Telavive irão "usar força extrema contra organizações terroristas" em zonas residenciais.

As autoridades israelitas disseram que a operação envolveria cerca de 100 mil pessoas e argumentam que as últimas unidades ativas do grupo extremista Hamas estão em Rafah.

A comunidade internacional opõe-se firmemente a esta operação, para a qual as autoridades israelitas alertaram há várias semanas, uma vez que a cidade serve de refúgio a cerca de 1,4 milhões de palestinianos que fugiram de outras zonas do enclave, alvo de uma ofensiva israelita desde outubro de 2023.

Os Estados Unidos também manifestaram relutância em relação ao plano israelita, considerando que não havia uma forma segura de levar a cabo esta campanha de retirada, embora não tenham comentado o novo anúncio de Telavive.

O conflito atual foi desencadeado por um ataque do Hamas em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos, com Israel a responder com uma ofensiva que já provocou cerca de 35 mil mortos, segundo balanços das duas partes.

O Hamas controla o pequeno enclave palestiniano com 2,4 milhões de habitantes desde 2007.

Leia Também: Chefe de agência da ONU acusa Israel de o proibir de entrar em Gaza

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