Israel lançou hoje uma operação para retirar dezenas de milhares de famílias palestinianas da cidade oriental de Rafah, junto à fronteira com o Egito, perante a iminência de uma ofensiva em que as tropas de Telavive irão "usar força extrema contra organizações terroristas" em zonas residenciais.
"O Presidente [Biden] reiterou a sua posição clara sobre Rafah", afirmou a Casa Branca (presidência norte-americana), num comunicado para dar conta de uma conversa telefónica entre os dois líderes.
A comunidade internacional opõe-se firmemente a esta operação, para a qual as autoridades israelitas alertaram há várias semanas, uma vez que a cidade de Rafah serve de refúgio a cerca de 1,4 milhões de palestinianos que fugiram de outras zonas do enclave, alvo de uma ofensiva israelita desde outubro de 2023.
Durante a chamada telefónica, Netanyahu também "concordou em garantir que a passagem de Kerem Shalom esteja aberta à ajuda humanitária", indicou ainda a Casa Branca.
Israel encerrou este importante posto fronteiriço com Gaza na sequência de um ataque com 'rockets' perpetrado no domingo pelo grupo islamita palestiniano Hamas, que provocou a morte a quatro soldados israelitas.
A declaração da Casa Branca surge horas antes de Biden receber em Washington o Rei Abdullah II, da Jordânia, para um almoço privado.
No domingo, Netanyahu rejeitou novamente a pressão internacional para travar a guerra em Gaza, num discurso inflamado que assinalou o Dia da Memória do Holocausto, ao declarar: "Se Israel for forçado a ficar sozinho, Israel ficará sozinho".
"Digo aos líderes do mundo: Nenhuma pressão, nenhuma decisão de nenhum fórum internacional impedirá Israel de se defender", disse, reforçando: "O nunca mais é agora".
O exército israelita ordenou hoje a cerca de 100.000 palestinianos que começassem a sair de Rafah, sinalizando que uma invasão terrestre poderá estar iminente e complicando ainda mais os esforços para mediar um cessar-fogo.
A Casa Branca indicou ainda que Biden também atualizou Netanyahu sobre os esforços para garantir um acordo sobre os reféns, incluindo através das conversações em curso no Qatar.
O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já provocou cerca de 35.000 mortos, segundo o Hamas, que governa o pequeno enclave palestiniano desde 2007.
A retaliação israelita está a provocar uma grave crise humanitária em Gaza, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que já está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
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