Partido há 30 anos no poder na África do Sul longe da maioria absoluta

O partido no poder há 30 anos na África do Sul, o Congresso Nacional Africano (ANC), está à beira de perder, pela primeira vez, a maioria absoluta, quando estão contados 73,5% dos votos das eleições realizadas quarta-feira.

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Lusa
31/05/2024 17:42 ‧ 31/05/2024 por Lusa

Mundo

África do Sul

Com 17.120 dos 23.293 dos círculos eleitorais escrutinados, correspondentes a 73,5% dos votos expressos, o ANC tinha 41,52% dos votos, segundo os resultados até às 18:00 de hoje em Joanesburgo (17:00 em Lisboa), divulgados pela Comissão Eleitoral Independente (IEC).

Se se confirmarem estes resultados, sem uma maioria absoluta, apesar de continuar a ser o partido mais votado, o ANC terá de se coligar com outro partido para formar um Governo, ou governará com maioria relativa - algo que nunca tinha acontecido na África do Sul pós-'apartheid'.

O partido que chegou ao poder sob a liderança Nelson Mandela, no final do 'apartheid' em 1994, também precisaria da ajuda de outros partidos para reeleger o Presidente da República, Cyril Ramaphosa, para um segundo mandato.

O pior desempenho do ANC numa eleição nacional tinha sido em 2019, quando obteve 57,5% dos votos.

Em segundo lugar na contagem está o Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês, centro-direita liberal), de John Steenhuisen, com 22,44% dos votos, acima do resultado de 2019, em que obteve 20,77%.

O DA é o principal partido da oposição, tradicionalmente associado ao voto da minoria branca, que representa menos de 8% da população sul-africana.

Em terceiro lugar está o uMkhonto weSizwe (Partido MK), o novo partido do antigo Presidente Jacob Zuma (2009-2018), fundado em setembro, com 12,61%.

O partido de extrema-esquerda Combatentes da Liberdade Económica (EFF), de Julius Malema, está com 9,41%.

Segundo os dados da IEC, a afluência às urnas foi de 58,35%, um valor inferior aos 66% registados nas últimas eleições legislativas, em 2019.

Com 27,6 milhões de eleitores registados, um total de 52 partidos concorreram às eleições nacionais de um novo parlamento de duas câmaras - a Assembleia Nacional (400 lugares) e o Conselho Nacional de Províncias (90 lugares) -, assim como às assembleias provinciais e regionais das nove províncias do país, em três boletins de voto.

A África do Sul, que faz fronteira com Moçambique, enfrenta problemas graves, nomeadamente o desemprego endémico, de 33%, as desigualdades sociais e a escassez de água e eletricidade.

Os resultados finais das eleições realizadas na quarta-feira podem demorar dias, com a comissão eleitoral a admitir só ter a contagem completa no domingo, embora fonte da comissão eleitoral tenha dito à Lusa que conta anunciar os resultados oficiais na tarde de sábado, incluindo os votos do estrangeiro.

Para as eleições de quarta-feira estavam registados 27.732.749 eleitores, que puderam votar em 23.392 assembleias de voto.

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