Na votação, que decorrerá na câmara baixa do parlamento alemão, Friedrich Merz, 69 anos, deverá ser eleito por uma maioria dos 630 deputados do Bundestag, antes da passagem de poder do social-democrata Olaf Scholz, que assumiu o cargo em dezembro de 2021.
O líder dos conservadores, que encabeçou nas eleições federais uma coligação entre a União Democrata-Cristã (CSU) e a sua congénere bávara União Social-Cristã (CSU), vai dirigir uma coligação governamental com o Partido Social-Democrata (SPD), do chanceler cessante, Olaf Scholz.
A União venceu as eleições com 28,6% dos votos, seguida da força de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD, com 20,8%), do SPD (16,4%), dos Verdes (11,6%) e da Esquerda (8,8%).
Após a eleição pelos deputados, o futuro chanceler é recebido pelo Presidente, Frank-Walter Steinmeier, que lhe entrega -- bem como aos ministros do futuro executivo de Merz -- um "certificado de nomeação", marcando o início oficial do mandato de quatro anos.
Merz deverá então regressar ao Bundestag para fazer o juramento de posse, antes de seguir para a chancelaria para a transferência de poder.
Após as eleições parlamentares antecipadas de 23 de fevereiro, os conservadores preparam-se para assumir o comando da maior economia da Europa, em recessão há dois anos consecutivos, e num momento de turbulência geopolítica, quando a Alemanha deve libertar-se da tutela militar do agora imprevisível aliado norte-americano e enfrentar o choque da guerra comercial lançada pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Na semana passada, Friedrich Merz apresentou o acordo de coligação com o SPD, resultado de várias semanas de negociações.
O acordo define o programa do futuro governo e inclui, entre outras iniciativas, uma política de imigração mais rígida e um aumento acentuado nos gastos militares.
Logo após as eleições, CDU, SPD e Verdes uniram-se no Bundestag para aprovar uma alteração constitucional sobre o chamado 'travão da dívida' -- um limite ao endividamento inscrito na Lei Fundamental -, de forma a permitir mais gastos com a Defesa, infraestruturas e clima - algo que, até então, Merz recusava.
As eleições de fevereiro foram precipitadas pela queda da chamada "coligação-semáforo" liderada por Olaf Scholz, juntamente com Verdes e os liberais, após a saída do Partido Democrático Livre (FDP, na sigla em alemão), em novembro passado, por discordâncias em relação ao orçamento.
Estas legislativas foram marcadas por uma subida acentuada da AfD, que duplicou o resultado eleitoral em relação às eleições anteriores, tornando-se o segundo partido mais votado e líder da oposição, com todos os partidos tradicionais a recusarem acordos ou coligações com a extrema-direita, impondo um "cordão sanitário".
[Notícia atualizada às 14h09]
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