Reiterando o "apoio contínuo à independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas", os eurodeputados pedem à União Europeia que mantenha a ajuda a Kiev, assim como o apoio militar.
Os apoios devem prolongar-se "durante o tempo que for necessário até à vitória", lê-se na resolução divulgada pela assembleia europeia.
Com 495 votos a favor, 137 votos contra e 47 abstenções, os eurodeputados apelam à União Europeia (UE) para que mantenha e alargue a política de sanções contra a Rússia e a Bielorrússia, acompanhe e reveja a eficácia e impacto destas políticas, além de abordar a questão da evasão às sanções por empresas sediadas na UE, de terceiros e de países terceiros.
Foi ainda condenada a recente visita a Moscovo do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, considerando os eurodeputados que a deslocação "não representa a UE" e é uma "violação flagrante dos tratados e da política externa comum".
"O texto (do Parlamento) refere que a Hungria deve enfrentar as consequências destas ações. Notando que a designada «missão de paz» do primeiro-ministro húngaro foi imediatamente seguida do ataque a um hospital infantil, a resolução também menciona que tal demonstra a «irrelevância» dos alegados esforços de paz de Viktor Orbán", lê-se na informação oficial.
Durante o debate na sessão plenária, a decorrer na cidade francesa de Estrasburgo, os Europeus Conservadores e Reformistas (ECR) da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni juntaram-se ao apoio expresso a Kiev.
Colocando-se ao lado da maioria da assembleia europeia, os eleitos pelo ECR procuraram demarca-se do cordão sanitário à extrema-direita em vésperas da votação para a reeleição de Úrsula von der Leyen à frente da Comissão Europeia.
O copresidente do grupo ERC, o polaco Joachim Brudzinski, argumentou que "uma derrota ucraniana levará a que um exército russo, endurecido e sedento de guerra, chegue às nossas fronteiras", defendendo maior investimento na base industrial de defesa dos 27 para apoiar os ucranianos e que a "Rússia deve ser responsabilizada pelos seus crimes".
Por seu lado, o presidente dos Patriotas por Europa, o francês Jordan Bardella, rejeitou a entrada da Ucrânia na NATO, por poder traduzir uma "escalada do conflito", alertou para eventuais consequências económicas do apoio, mas afirmou a defesa da soberania territorial da Ucrânia.
René Aust, eurodeputado alemão da Europa das Nações Soberanas, considerou que a "estratégia de paz tem aproximado ainda mais os Estados-Membros de uma situação de guerra".
A própria Von der Leyen tem diferenciado os três grupos - ECR, Patriotas pela Europa e a Europa das Nações Soberanas do partido de ultra-direita Alternativa para a Alemanha - dizendo que contará com aqueles que se declaram pró-europeus, anti-Rússia de Vladimir Putin e que defendem o Estado de Direito.
No debate de hoje, a líder dos socialistas, a espanhola Iratxe García, destacou como se assistiu à "cumplicidade da extrema-direita deste Parlamento com Putin". "Há alguns dias, o chefe mais visível do novo grupo de falsos patriotas, (o primeir-ministro húngaro) Orbán, encontrou-se com Putin para difamar a UE, para proclamar que tem um plano de paz que ninguém conhece e para promover o expansionismo russo", disse.
Sergey Lagodinski, dos Verdes, afirmou que "os ucranianos têm de ser capazes de se defender e, para isso, têm de fazer parte da família europeia", criticando também os 'os falsos patriotas'.
O 'popular' Andrzej Halicki argumentou que "ninguém tem o direito de se considerar patriota se, ao mesmo tempo, minar o esforço comum" da União Europeia, enquanto a presidente dos liberáis, Valérie Hayer apelou à "solidez face a Putin contra aqueles que difundem a sua propaganda".
Para o eurodeputado da Esquerda Europeia Martin Schirdewan, "o apoio deve continuar face aos ataques diários russos".
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