Uma delegação do Partido Popular Europeu (PPE) enviada à Venezuela para observar as eleições presidenciais do país, que acontecem no domingo, foi 'barrada' à chegada a Caracas, esta sexta-feira, revela o jornal El Mundo.
Nessa comitiva, composta principalmente por membros do Partido Popular espanhol (PP), estava também o eurodeputado português da Aliança Democrática (PSD/CDS-PP) Sebastião Bugalho.
Segundo fontes do PPE citadas pela agência Lusa, a expulsão deveu-se a uma série de resoluções votadas no Parlamento Europeu.
A delegação é presidida pelo terceiro vice-presidente do Parlamento Europeu, Esteban González Pons, o porta-voz do Grupo Popular no Congresso espanhol, Miguel Tellado, e a deputada Cayetana Álvarez de Toledo.
O Notícias ao Minuto tentou entrar em contacto com o eurodeputado português por forma a confirmar a informação, mas não obteve resposta. Também o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, foi contactado, explicando que não foi "informado de tal facto".
Mais tarde, o Ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou a informação ao Notícias ao Minuto, afirmando que Bugalho "não foi admitido no país e juntamente com os restantes membros da delegação do PPE teve de regressar no voo de retorno para Madrid".
Atención‼️ El régimen prohíbe la entrada a Venezuela de la delegación compuesta por miembros del @ppopular de España, tanto del @GPPopular como del @PPSenado, así del @EPPGroup, que venían invitados por la oposición democrática para la elección presidencial del 28 de julio.
— Pedro Urruchurtu Noselli (@Urruchurtu) July 26, 2024
Se… pic.twitter.com/HMtPJU7VuL
"Viemos à Venezuela convidados pela candidatura da oposição democrática para acompanhar o processo eleitoral de domingo e partimos não só com suspeita mas com o receio fundado de que no domingo haja um golpe de Estado, que as eleições estejam amanhadas", disse González Pons, desde o aeroporto de Maiquetía, em Caracas, citado num vídeo publicado no X (antigo Twitter) por Pedro Urruchurtu Noselli, membro da campanha da oposição.
Pons acrescentou esperar que "o povo venezuelano se levante com tanta força que a resistência estabelecida pelo regime seja derrotada".
Já Noselli, na mesma publicação, lamentou que o regime de Nicolás Maduro - que alertou para um possível "banho de sangue" caso não vença as eleições - proibiu a "entrada na Venezuela da delegação composta por membros do Partido Popular de Espanha, bem como do Partido Popular Europeu".
Na delegação viajavam também o eurodeputado Juan Salafranca, os senadores Juanjo Matari e Alfonso Serrano e as deputadas Macarena Montesinos e Belén Hoyos.
O próprio líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, criticou a situação, alertando que a delegação está "retida no aeroporto de Caracas pelo regime de Maduro", e exigindo a sua "libertação imediata".
No X, instou o governo espanhol a utilizar "os meios necessários" para tal e garantiu que está "em contacto" com a líder da oposição venezuelana, María Corina Machado.
Me acaban de comunicar que la delegación del @ppopular formada por 10 diputados, senadores y europarlamentarios está retenida en el aeropuerto de Caracas por el régimen de Maduro.
— Alberto Núñez Feijóo (@NunezFeijoo) July 26, 2024
Exijo su liberación inmediata y que el Gobierno de España ponga los medios necesarios a tal fin.
Mais de 21 milhões chamados a votar no domingo
Mais de 21 milhões de venezuelanos estão habilitados a votar nestas eleições presidenciais, cuja campanha eleitoral ficou marcada por um clima de grande tensão no país, em plena crise económica, social e política.
O atual chefe de Estado venezuelano, Nicolás Maduro, do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), vai concorrer pela terceira vez para mais um mandato de seis anos.
Maduro enfrenta nas urnas Edmundo Gonzalez Urrutia (do Mesa de Unidade Democrática/MUD), o candidato da oposição que a maioria das sondagens coloca na liderança, embora sejam desvalorizadas pelo partido do Presidente, alegando que são fabricadas.
A organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos Foro Penal denunciou hoje que 135 pessoas foram detidas no país, no âmbito da campanha da oposição para as eleições de domingo, 47 das quais continuam presas.
A oposição tem denunciado há semanas uma "perseguição política" do poder com várias detenções, bem como encerramentos administrativos e multas impostas a comerciantes, hotéis ou restaurantes que trabalham com a oposição.
O governo venezuelano acusa regularmente a oposição de fomentar conspirações contra o Presidente Nicolás Maduro.
[Notícia atualizada às 00h07]
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