O procurador-geral, Al-Fateh Tayfur, disse que vai ser pedida a detenção de 16 dirigentes da coligação Forças Democráticas Civis, liderada por Hamdok, que esteve envolvido no processo de transição política no Sudão antes do início dos confrontos entre o Exército Regular e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla inglês) em abril de 2023, um conflito que causou uma das maiores tragédias humanitárias do mundo.
"Trata-se de acusações criminais e não de acusações políticas", disse Tayfur, que preside ao Comité Nacional de Investigação dos Crimes de Guerra no Sudão, em declarações transmitidas pela televisão estatal sudanesa.
Segundo o magistrado, as acusações vão desde o incitamento à rebelião, à tentativa de tomar o poder pela força e ao enfraquecimento da ordem constitucional.
Hamdok foi primeiro-ministro do Sudão numa fase de transição política que se seguiu ao derrube, dois anos antes, do Governo do ex-ditador Omar al-Bashir.
O seu Governo, composto por representantes de várias forças políticas civis, conduziu a transição no Sudão até ao golpe de Estado levado a cabo pelo exército em outubro de 2021.
Desde então, o país tem sido governado por um Conselho Militar, liderado pelo comandante do exército e governante de facto Abddel Fattah al-Burhan, até à eclosão da guerra em 15 de abril de 2023, enquanto se negociava a integração das RSF nas Forças Armadas.
O anúncio do procurador-geral coincide com o início hoje, na Suíça, de uma ronda de conversações patrocinada pelos EUA para uma trégua na guerra no Sudão, embora com poucas esperanças de sucesso devido à ausência de representantes do exército.
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