"Josep Borrell (alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança) apoia o holocausto palestiniano, o massacre de Gaza, é cúmplice do massacre de Gaza e agora aponta as suas espingardas e canhões contra a Venezuela", acusou Maduro, durante uma cimeira virtual com chefes de Estado da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA).
O líder venezuelano acusou ainda Borrell e a UE de estarem subordinados aos Estados Unidos, cujo Governo aplicou inúmeras sanções internacionais à Venezuela nos últimos anos, sobretudo a altos funcionários do chavismo, que Washington acusa de minar a democracia ou de violar os direitos humanos no país sul-americano.
"Borrell e a UE não estão apenas a rastejar em relação à Venezuela, Josep Borrell está a instigar e a apoiar uma guerra aberta contra a Rússia a partir da Ucrânia", sublinhou Maduro, que tem manifestado em numerosas ocasiões o seu apoio a Vladimir Putin na invasão russa da Ucrânia.
"Gostaria que os governos da UE tivessem a independência que nós, os modestos governos da América Latina e das Caraíbas na ALBA, temos, gostaria que tivessem pelo menos um fio de dignidade", acrescentou.
No sábado, a Venezuela acusou Borrell de apoiar um "golpe de Estado fascista" no país das Caraíbas, depois de ter publicado aquilo a que Caracas chama uma "declaração suja", na qual afirma que não foram fornecidas as "provas públicas necessárias" para declarar que Nicolás Maduro foi reeleito presidente.
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
O Supremo Tribunal de Justiça, controlado por magistrados simpatizantes do regime venezuelano, confirmou na quinta-feira que os resultados das eleições de 28 de julho deram a vitória a Maduro sobre o seu adversário González Urrutia.
Numa declaração em nome da UE, Borrell sublinhou que "apenas os resultados completos e verificáveis de forma independente serão aceites e reconhecidos", aludindo aos dados desagregados sobre os votos que deveriam ter sido divulgados pela CNE para confirmar a vitória de Maduro.
A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um "ciberataque" de que alegadamente foi alvo.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de mais de 2.200 detenções, 27 mortos e 192 feridos.
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