Vitória de extremos nas regionais alemãs é "tragédia" esperada

Analistas alemães consideram os resultados das regionais de domingo uma "tragédia" que se esperava, com a vitória da extrema-direita na Turíngia e o terceiro lugar da extrema-esquerda na Saxónia.

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Lusa
02/09/2024 13:35 ‧ 02/09/2024 por Lusa

Mundo

Alemanha

uma tragédia, mas já era expectável. Os resultados das sondagens eram estáveis nos últimos meses por isso é uma tragédia, mas sem surpresa", apontou o politólogo Oscar Prust em declarações à agência Lusa.

 

Na Turíngia, o partido "Alternativa para a Alemanha" (AfD), liderado pelo radical Björn Höcke, condenado por usar expressões nazis, venceu as eleições regionais, dando à extrema-direita a primeira vitória desde o fim da II Guerra Mundial.

"Poderemos esperar manifestações, mas duvido que isso vá alterar alguma coisa. Quem vota na AfD, irá continuar a votar neles. Penso que as pessoas votaram em Höcke não porque o queiram ter como primeiro-ministro na Turíngia, porque sabem que ele é um extremista, mas porque estão verdadeiramente desiludidas com o governo de Scholz e querem uma mudança já", revelou.

Para o politólogo da Universidade de Halle-Wittenberg, com este resultado, que deu à AfD 32,8% dos votos na Turíngia, percebe-se que a coligação semáforo, formada pelo SPD, pelos Verdes e pelos liberais, "não está a funcionar".

Como todos os restantes partidos já deixaram claro que não querem formar governo com a AfD, Prust não sabe se será possível "formar um executivo estável".

"No pior dos casos, terão de ser marcadas novas eleições", avisa, admitindo que estes resultados vão trazer consequências diretas para a região e para o país.

"Muitos amigos que trabalham em recursos humanos já partilharam comigo que candidatos do estrangeiro, quando concorrem para estes estados, perguntam se a família estará segura aqui. Muitos acabam mesmo por decidir não trabalhar e viver nestes estados. Não tenho dúvidas que isto vá ter um impacto na economia, só não sabemos ainda em que medida", conclui.

Marcel Fratzscher, presidente do Instituto Alemão de Investigação Económica, revelou à agência de notícias Reuters que os resultados levarão a um êxodo de empresas e trabalhadores qualificados da Turíngia e Saxónia.

O Instituto Económico Alemão (IW) também vê os resultados como um "mau presságio para a economia" porque esta precisa de "previsibilidade política, estabilidade institucional e condições de enquadramento fiáveis", destacou Michael Hüther à Reuters.

Na Saxónia, apesar de não ter ganho, a AfD conseguiu o segundo lugar com 30,6% dos votos, ficando a uma distância curta do vencedor, a CDU, com 31,9%. O partido recente de Sahra Wagenknecht, BSW, considerado de esquerda populista, conseguiu o terceiro lugar nos dois estados.

"Aqui será interessante perceber se uma coligação entre a CDU, o SPD e o BSW vai mesmo avançar (...) Acho que o BSW cresceu muito porque ganharam os votos do partido 'A Esquerda'", indicou Prust, avisando que se Wagenknecht não tivesse avançado, os números da AfD seriam bastante mais elevados.

Vários políticos, um deles o presidente da câmara de Berlim, Kai Wagner, do partido de centro-direita CDU, sublinhou que estes resultados devem ser encarados como uma "chamada de atenção" para que os "políticos tradicionais" repensem a sua forma de atuar.

Apesar de a Turíngia e a Saxónia serem apenas dois dos 16 estados federados da Alemanha, com cinco milhões de eleitores entre os 61 milhões de todo o país, os resultados têm muito impacto. Os três partidos que formam o governo nunca tinham tido um resultado tão mau numas eleições regionais.

Toda a atenção está voltada para as eleições de Brademburgo marcadas para 22 deste mês. O chanceler Olaf Scholz, do SPD, deixou um apelo hoje, sublinhando que a AfD está a "prejudicar a Alemanha".

"O nosso país não pode, nem deve habituar-se a isto", destacou o líder do governo alemão.

Leia Também: Scholz descreve como "amargos" os resultados das eleições na Alemanha

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