"Não faremos parte de uma fraude eleitoral, não apoiaremos um governo ditatorial. Somos uma nação democrática, que respeita o Estado de direito, as instituições e a Constituição", sublinhou durante um evento oficial.
Boluarte recordou que, nas últimas semanas, o seu país exigiu que as autoridades venezuelanas apresentassem os resultados das eleições, que, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), foram ganhas por Nicolás Maduro, enquanto a oposição afirma que o vencedor foi o candidato Edmundo González Urrutia.
"Quem nada deve nada teme, então que se conte urna por urna, voto por voto. Se a oposição apresentou a ata na internet, dando a vitória ao seu candidato, cabe ao partido no poder fazer o mesmo e apresentar a sua ata, para que se resolva definitivamente esta situação", afirmou.
A chefe de Estado peruana disse que a remodelação que fez esta semana no seu gabinete de ministros, que incluiu a remodelação do chefe de diplomacia, com a substituição do cientista político Javier González-Olaechea pelo diplomata Elmer Schialer, não implicou uma mudança na política externa do seu país.
"A nossa política externa mantém-se inalterada e a nossa posição sobre a situação no país irmão da Venezuela mantém-se firme e inalterada", afirmou.
As declarações da Presidente foram feitas no dia seguinte ao presidente do Conselho de Ministros, Gustavo Adrianzén, ter afirmado que o Peru não reconheceu González Urrutia como Presidente eleito da Venezuela, contrariando as declarações do então ministro peruano das Relações Externas no dia 30 de julho, que afirmou ser essa a posição peruana.
"Não temos nenhuma comunicação oficial do Estado peruano que reconheça González Urrutia como presidente eleito. Pedimos uma recontagem (...) porque entendemos, além disso, que tem de ser no âmbito do processo eleitoral que estes registos (de votação) têm de ser revistos", disse Adrianzén.
Quanto à posição do Peru, o governante disse que o Ministério das Relações Externas emitiu vários comunicados oficiais que "exigem a entrega das atas" e que "é essencial que estes resultados sejam revistos".
Schialer, o novo titular da pasta, garantiu entretanto que o Peru "continuará a apoiar o povo venezuelano na sua luta pela democracia e pela liberdade".
"No que diz respeito à Venezuela, quero sublinhar que não há nenhum ponto de viragem. O Peru continuará a manter a sua posição firme e imutável de exigir o respeito pela vontade expressa pelo povo venezuelano nas eleições presidenciais de 28 de julho", observou já depois das declarações de Adrianzén.
Schialer recordou ainda que o seu país "rejeitou resolutamente o mandado de captura emitido contra Edmundo González Urrutia" e afirmou que "o que está a acontecer na Venezuela é da maior importância para o Peru e para a região, e também da maior preocupação".
González Urrutia, líder da maior coligação de oposição da Venezuela, foi reconhecido como vencedor das eleições presidenciais de 28 de julho pelos Estados Unidos, Argentina, Uruguai, Equador, Panamá e Costa Rica.
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