"Os EUA têm alvo as nossas tarifas, eles têm como alvo a nossa própria sobrevivência", disse Xia Baolong, diretor do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau, sob a tutela do Conselho de Estado, o executivo chinês.
"Apesar de Hong Kong ser a maior fonte de excedente comercial dos EUA, os Estados Unidos ainda impuseram tarifas elevadas. Isto é extremamente arrogante e descarado!", disse Xia.
"Os EUA não podem tolerar a prosperidade e a estabilidade de Hong Kong e são o maior manipulador sinistro que mina os direitos humanos, a liberdade, o Estado de direito, a prosperidade e a estabilidade em Hong Kong", acrescentou o dirigente.
Xia falava num discurso pré-gravado, transmitido durante a inauguração de uma exposição em Hong Kong, a propósito do Dia da Educação da Segurança Nacional.
"Quem tente levar-nos de volta à pobreza e à fraqueza é nosso inimigo", alertou o dirigente. "Aqueles que traem os interesses nacionais e torcem pelo inimigo em momentos críticos nunca serão tolerados", acrescentou.
Os comentários de Xia surgiram uma semana depois do regulador antimonopólio da China ter anunciado que iria analisar o acordo que a empresa de Hong Kong CK Hutchison tinha anunciado para a venda de dois portos no Canal do Panamá.
O negócio, avaliado em 23 mil milhões de dólares (21 mil milhões de euros), veria a concessão passar para a gestora de ativos norte-americana BlackRock, algo que o Presidente dos EUA saudou como uma vitória.
Nos últimos meses, Donald Trump, defendeu que a concessão dos portos à CK Hutchison significa que a via navegável está sob controlo chinês.
Hoje, na mesma cerimónia, o líder do Governo de Hong Kong, John Lee Ka-chiu, acusou os Estados Unidos de, numa "lógica perversa", impor tarifas para proteger a sua "hegemonia sem escrúpulos".
"Os Estados Unidos opõem-se ao comércio livre, interrompem o comércio global e as cadeias de abastecimento (...), prejudicando gravemente o sistema de comércio multilateral e o processo de globalização", lamentou John Lee.
O chefe do Executivo garantiu que Hong Kong "manterá o seu estatuto de porto franco com tarifas basicamente nulas" e irá apresentar uma queixa contra os Estados Unidos junto da Organização Mundial do Comércio.
Também hoje, o líder do Governo da região vizinha de Macau criticou os Estados Unidos pela "imposição abusiva de impostos aduaneiros a todos os seus parceiros comerciais", incluindo a China, "sob vários pretextos".
Também durante a inauguração de uma exposição a propósito do Dia da Educação da Segurança Nacional, Sam Hou Fai disse que Washington "devastou severamente o sistema de comércio multilateral (...) e prejudicou a estabilidade da ordem económica mundial".
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