Os russos "tentaram atacar pelos flancos mas foram travados, a situação estabilizou e hoje está tudo sob controlo", disse à agência noticiosa francesa AFP o porta-voz do comando regional ucraniano, Oleksiï Dmytrachkivsky.
Perante uma invasão russa que se prolonga há dois anos e meio e sob forte pressão durante meses no leste da Ucrânia, as forças ucranianas lançaram um ataque surpresa na região fronteiriça russa de Kursk, a 06 de agosto, apanhando a liderança de Moscovo desprevenida e apoderando-se de várias centenas de quilómetros quadrados e dezenas de cidades.
O exército russo anunciou, a 12 de setembro, que tinha recuperado terreno ao lançar uma contraofensiva na região.
"Conseguiram alguns pequenos sucessos, mas este sucesso transformou-se agora num cerco virtual para eles", disse Dmytrachkivsky.
"Os russos entraram numa localidade. Começaram a lutar por outra localidade, mas é tudo", referiu.
O porta-voz afirmou ainda que "vários milhares" de civis russos ainda se encontram em território controlado pelos ucranianos.
"Em algumas localidades, há mais de cem pessoas", noutras, "mais de duzentas, mais de quinhentas", disse, referindo que a maioria são idosos.
O responsável militar acusou ainda o exército russo de lançar ataques aéreos, nomeadamente com bombas planadoras, contra a zona controlada pelas tropas ucranianas, referindo que pelo menos "23 civis foram mortos" desde o final de agosto.
A AFP não pôde confirmar a veracidade destas informações.
O porta-voz negou que as tropas ucranianas tenham maltratado os civis.
"Recebem água, comida e pão, os militares não os ofendem", afirmou, acrescentando que as lojas e farmácias da zona não estão a funcionar.
Em comunicado, o exército russo afirmou que estava envolvido em manobras ofensivas em algumas áreas da região de Kursk, enquanto repelia ataques ucranianos noutras.
Esta incursão ucraniana em território russo, a primeira de um exército estrangeiro desde a Segunda Guerra Mundial, está a ser encarada como uma humilhação para o Presidente russo, Vladimir Putin.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A ofensiva militar russa no território ucraniano mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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