Líbano. Empresária com ligações a 'pagers' está sob proteção húngara

A mulher cuja empresa foi relacionada com os milhares de 'pagers' que explodiram no Líbano e na Síria esta semana está sob proteção dos serviços secretos húngaros, informou hoje a mãe da empresária.

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© Cristiana Bársony-Arcidiacono/LinkedIn

Lusa
20/09/2024 15:52 ‧ 20/09/2024 por Lusa

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Cristiana Bársony-Arcidiacono não aparece publicamente desde o ataque mortal simultâneo que teve como alvo o grupo xiita libanês Hezbollah, na terça-feira, e que foi atribuído a Israel.

 

A empresária aparece identificada como diretora-executiva (CEO) da BAC Consulting, empresa com sede em Budapeste, que, segundo indicou a marca de 'pagers' registada em Taiwan, é responsável pelo fabrico dos dispositivos.

Citada pela agência norte-americana AP, a mãe da empresária, Beatrix Bársony-Arcidiacono, disse que a filha recebeu ameaças não especificadas e que "está atualmente num local seguro, protegida pelos serviços secretos húngaros".

Também referiu que os serviços secretos húngaros aconselharam a filha a não falar com os meios de comunicação social.

Uma vaga de explosões que visaram esta semana milhares de equipamentos de transmissão da milícia xiita libanesa Hezbollah, primeiro 'pagers' e depois 'walkie-talkies', mataram pelo menos 37 pessoas e feriram mais de 3.000, incluindo civis.

O Hezbollah e o Governo libanês responsabilizaram Israel pelas explosões, que não confirmou nem negou o envolvimento.

A empresa de Cristiana Bársony-Arcidiacono foi investigada depois de a Gold Apolo - uma empresa taiwanesa - ter informado que tinha autorizado a BAC Consulting a usar o seu nome nos 'pagers' usados no primeiro ataque. Também esclareceu que a empresa húngara era responsável pelo fabrico e pelo 'design' dos dispositivos.

Na quarta-feira, um porta-voz do Governo húngaro disse que os 'pagers' entregues ao Hezbollah nunca estiveram na Hungria e que a BAC Consulting apenas agiu como intermediária.

"[A empresa] não está envolvida de forma alguma, era apenas uma intermediária. Os artigos não passaram por Budapeste. (...) Não foram produzidos na Hungria", disse o porta-voz.

A BAC Consulting partilha a morada, localizada num rés-do-chão de um modesto edifício em Budapeste, com inúmeras outras empresas, mas não tem escritórios físicos e utiliza a propriedade na capital da Hungria - tal como as outras empresas ali sediadas - apenas como endereço oficial.

O 'site' da empresa informava que é especializada em "ambiente, desenvolvimento e assuntos internacionais", mas está indisponível desde quarta-feira, segundo a agência noticiosa AP.

Beatrix Bársony-Arcidiacono explicou que a filha nasceu na Sicília e estudou na Universidade de Catânia, antes de fazer o doutoramento em Londres, e que trabalhou em Paris e Viena antes de se mudar para Budapeste em outubro de 2016 para cuidar da avó.

Nas redes sociais, de acordo com a AP, Cristiana Bársony-Arcidiacono descreve-se como uma consultora estratégica e promotora de negócios, com um doutoramento, que trabalhou para grandes organizações internacionais, como a Agência Internacional de Energia Atómica e a agência humanitária CARE, bem como para empresas de capital de risco.

Leia Também: Bulgária nega envolvimento de empresas búlgaras no fabrico de 'pagers'

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