Num discurso proferido na delegação de Madrid do Parlamento Europeu, Boucly apelou à comunidade internacional para redobrar os esforços para encontrar uma solução para a questão palestiniana, "tomando simultaneamente medidas urgentes para proteger os civis e aliviar o sofrimento em Gaza e no Líbano".
"Estas medidas incluem um cessar-fogo imediato em Gaza e agora também no Líbano, além da libertação de todos os reféns. Apelo veementemente a todas as partes para que respeitem o direito internacional, incluindo a proteção das pessoas", continuou.
A comissária-adjunta pediu ainda um aumento do financiamento das Nações Unidas para manter e aumentar a resposta humanitária em Gaza.
Para a responsável, o prolongar dos conflitos no Médio Oriente conduzem à "negação e à vulnerabilidade dos Direitos Humanos de gerações de palestinianos".
"Estamos a falar de um dos conflitos mais longos e complexos, um conflito que durante 75 anos gerou e continua a gerar milhares de vítimas", disse Natalie Boucly, frisando que a situação tem conduzido a "ciclos de violência, ódio e destruição".
"É um conflito que hoje está a caminhar de forma alarmante para uma guerra regional com consequências imprevisíveis, mas devastadoras para todos", alertou.
A comissária-adjunta lembrou que o organismo foi concebido para resolver os problemas "a seu tempo" e lamentou as críticas que são dirigidas contra as Nações Unidas.
"É possível que já tenham ouvido dizer que a UNRWA faz parte do problema e não da solução, ou que, pela sua mera existência, contribuiu para perpetuar a questão dos refugiados palestinianos. A verdade é que a UNRWA nunca pretendeu ser a solução para o conflito israelo-palestiniano. Não é esse o nosso mandato", disse criticando a "comunidade internacional".
"A responsabilidade pela resolução do conflito não cabe à UNRWA, que é uma agência humanitária e de desenvolvimento das Nações Unidas, mas sim às próprias partes em conflito e à comunidade internacional", sublinhou.
Boucly disse ainda que os riscos de fome são constantes na Faixa de Gaza, onde 96% da população enfrenta altos níveis de insegurança alimentar aguda.
"Se as condições não melhorarem, estaremos certamente a falar de fome até ao final do ano", afirmou.
"Há uma atmosfera de desespero e de ilegalidade em Gaza. Os saques são frequentes e não há ninguém responsável pela lei e pela ordem. A quantidade de ajuda que chega é insuficiente e continua a diminuir. Estas são condições verdadeiramente impossíveis para os trabalhadores humanitários que têm de arriscar a vida todos os dias, muitos dos quais também foram deslocados e perderam tudo", afirmou.
Da mesma forma sublinhou a importância de um cessar-fogo na região e da rápida libertação dos reféns, que descreveu como "urgente" tendo também mencionado a situação económica das populações.
"Milhares de trabalhadores palestinianos que trabalhavam em Israel antes de 07 de outubro (de 2023) estão agora desempregados na Cisjordânia, enquanto as restrições israelitas à mobilidade estão a estrangular a economia", acusou.
"Não há outro caminho senão a procura de uma solução justa e duradoura para os palestinianos. E agora a situação no Líbano reflete também a urgência de pôr fim ao conflito israelo-palestiniano, porque o mundo não pode permitir que o Líbano se transforme numa outra Gaza", alertou.
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