Organização japonesa de vítimas da bomba atómica surpreendida com Nobel
O copresidente da organização antinuclear japonesa distinguida hoje com o Prémio Nobel da Paz manifestou-se surpreendido pela recompensa por o grupo ter demonstrado, através de testemunhos, que as armas nucleares nunca mais deveriam ser utilizadas.
© Nihon Hidankyo
Mundo Nobel da Paz
"Nunca imaginei que isto pudesse acontecer", disse aos jornalistas Toshiyuki Mimaki, cujo movimento Nihon Hidankyo representa os sobreviventes de Nagasaki e Hiroshima, citado pela agência francesa AFP.
Mimaki, que estava presente na Câmara Municipal de Hiroshima para o anúncio, aplaudiu e chorou quando recebeu a notícia.
"É mesmo verdade? É inacreditável!", gritou Mimaki, segundo o relato da agência norte-americana AP.
Mimaki defendeu depois que as armas nucleares não são garantia de um mundo livre de conflitos e alertou para os conflitos em curso na Ucrânia e no Médio Oriente.
"Foi dito que, graças às armas nucleares, a paz seria mantida em todo o mundo. Mas as armas nucleares podem ser utilizadas por terroristas", afirmou.
"Por exemplo, se a Rússia as utilizar contra a Ucrânia e Israel contra Gaza, não se ficará por aí. Os líderes políticos devem estar conscientes deste facto", acrescentou Mimaki à imprensa.
O Comité Nobel norueguês atribuiu hoje o Prémio Nobel da Paz 2024 à Nihon Hidankyo, uma organização formada por sobreviventes das bombas atómicas lançadas há 79 anos pelos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki.
A organização "recebe o prémio da paz pelos seus esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar, através de testemunhos, que as armas nucleares nunca mais devem ser utilizadas", justificou o presidente do comité, Jorgen Watne Frydnes.
Fundada em 10 de agosto de 1956, a Nihon Hidankyo defende "a assinatura de um acordo internacional para a proibição total e a eliminação das armas nucleares", segundo a página da organização na Internet.
Os esforços para erradicar as armas nucleares já foram homenageados no passado pelo Comité Nobel.
A Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares ganhou o prémio da paz em 2017.
Em 1995, Joseph Rotblat e as Conferências Pugwash sobre Ciência e Assuntos Mundiais ganharam pelos "seus esforços para diminuir o papel desempenhado pelas armas nucleares na política internacional e, a longo prazo, para eliminar essas armas".
[Notícia atualizada às 11h38]
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