Sobreviventes dos bombardeamentos atómicos de Hiroshima e Nagasaki que compõem a organização, denominados 'hibakusha', realizaram hoje uma conferência de imprensa em Tóquio para se pronunciarem sobre o prémio que lhes foi atribuído pela Academia Sueca.
"Em vez de recuar diante dos Estados Unidos ou de outras potências nucleares, acho que [os responsáveis pelo prémio] decidiram que era necessário fazer um apelo para ouvir os sobreviventes da bomba e elevar o nosso movimento ao nível global", disse Terumi Tanaka, de 92 anos e um dos representantes do grupo.
Os membros da organização reafirmaram a alegria por terem recebido o prémio e a surpresa: "Nunca pensei que nos dariam o Prémio Nobel da Paz. Quando descobri esta manhã, fiquei extremamente feliz", disse o secretário-geral da organização, Sueichi Kido.
O Comité norueguês do Nobel atribuiu o Prémio da Paz ao grupo japonês "pelos seus esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares e para demonstrar, através de depoimentos de testemunhas, que as armas nucleares nunca deveriam ser usadas novamente".
Nihon Hidankyo é um grupo fundado em 1956 por 'hibakusha' ou sobreviventes das bombas atómicas lançadas pelos Estados Unidos sobre Hiroshima e Nagasaki 11 anos antes, e desde então tem trabalhado para divulgar os testemunhos das pessoas afetadas em todo o mundo e para promover um mundo livre de armas nucleares.
É a primeira vez em 50 anos que o Japão recebe o Prémio Nobel da Paz desde 1974, quando Eisaku Sato, primeiro-ministro do Japão entre 1964 e 1972, recebeu o prémio por representar a vontade de paz do povo japonês, apresentando os três princípios não nucleares de "não possuir, produzir ou permitir armas nucleares" no país.
Os bombardeios nucleares de Hiroshima e Nagasaki provocaram mais de 210 mil mortos devido ao efeito direto da explosão, bem como às consequências da radiação que continuou a afetar a população anos depois.
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