Em comunicado, um porta-voz do Serviço de Ação Externa da UE disse que os exercícios militares realizados por Pequim em águas perto do território taiwanês "aumentam as tensões transfronteiriças".
"A UE reafirma que a paz e estabilidade no Estreito de Taiwan são de importância estratégica para a segurança e prosperidade regional e global", acrescentou o porta-voz.
O bloco comunitário tem "interesse direto na preservação do status quo de Taiwan" e "opõe-se a quaisquer ações unilaterais" que o alterem, "pela força ou coerção".
"Pedimos a todas as partes envolvidas para exercerem a máxima contenção, de modo a evitarem ações que aumentem as tensões no estreito, que devem ser resolvidas através do diálogo", completou o porta-voz europeu.
De acordo com o Ministério da Defesa de Taiwan, a China utilizou 125 aviões militares nos exercícios em questão.
Segundo o ministério, 90 dos aviões, incluindo aviões de guerra, helicópteros e veículos aéreos não tripulados ('drones'), foram vistos dentro da zona de identificação de defesa aérea de Taiwan.
A China afirmou que os exercícios militares em grande escala têm como objetivo advertir Taiwan contra tentativas de independência.
Pequim enviou um porta-aviões, outros navios e aviões de guerra em exercícios militares de grande escala em torno de Taiwan e das suas ilhas periféricas, simulando o bloqueio de portos importantes.
Os exercícios realizaram-se quatro dias depois de Taiwan ter celebrado a fundação do seu governo no Dia Nacional. O líder taiwanês, William Lai, afirmou num discurso que a República Popular da China não tem o direito de representar Taiwan e declarou o seu compromisso de "resistir à anexação ou usurpação".
"As nossas forças armadas irão definitivamente lidar com a ameaça da China de forma adequada", disse Joseph Wu, secretário-geral do Conselho de Segurança de Taiwan, num fórum em Taipé, a capital de Taiwan: "Ameaçar outros países com a força viola o espírito básico da Carta das Nações Unidas de resolver disputas por meios pacíficos."
O Gabinete Presidencial de Taiwan apelou à China para "cessar as provocações militares que prejudicam a paz e a estabilidade regionais e deixar de ameaçar a democracia e a liberdade de Taiwan".
O porta-voz do Comando do Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular da China, o capitão Li Xi, disse que a marinha, a força aérea do exército e o corpo de mísseis foram todos mobilizados para os exercícios, numa operação integrada.
"Este é um aviso importante para aqueles que apoiam a independência de Taiwan e um sinal da nossa determinação em salvaguardar a nossa soberania nacional", disse Li, citado pela imprensa oficial.
A ação de hoje é a quinta vez que a China recorre a este tipo de manobras desde 2022, altura em que levou a cabo a primeira deste calibre em resposta à visita da então Presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan, que enfureceu Pequim e elevou as tensões entre os dois lados do estreito a níveis nunca vistos em décadas.
Taiwan foi uma colónia japonesa antes de ser unificada com a China no final da Segunda Guerra Mundial. Os dois territórios vivem separados desde que em 1949 os nacionalistas de Chiang Kai-shek fugiram para a ilha, enquanto os comunistas de Mao Zedong assumiram o poder no continente chinês, no final da guerra civil.
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