De Pyongyang a Kyiv, sem amor: Entre tropas e acusações, o que se passa?

A tensão entre a Ásia e a Europa parece estar a aumentar entre vários países da Ásia à Europa. Das acusações do envio de tropas norte-coreanas para combater na Ucrânia - com passagem de treino na Rússia - à explosão de uma estrada que liga as Coreias, perceba o que se passa.

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© Alexander Zemlianichenko/Pool via REUTERS

Teresa Banha
18/10/2024 15:04 ‧ 18/10/2024 por Teresa Banha

Mundo

Guerra na Ucrânia

Mais de dois anos depois de a guerra ter voltado à Europa, com a invasão das tropas russas na Ucrânia, a tensão continua a aumentar - e, atualmente, com o envio de tropas norte-coreanas para combater contra Kyiv.

 

A 'suspeita' foi lançada pelo presidente da Ucrânia no início da semana, quando Volodymyr Zelensky denunciou que se assistia a "uma aliança crescente entre a Rússia e regimes como o da Coreia do Norte". A Rússia e a Coreia do Norte aproximaram-se desde que Moscovo lançou a ofensiva militar de grande escala contra a Ucrânia em fevereiro de 2022.

As declarações foram feitas durante o seu discurso diário, durante o qual o chefe de Estado da Ucrânia adiantou que em causa não estava a 'ajuda' dada pelo regime norte-coreano em termos de armamento, mas sim em relação a pessoas.

"Já não se trata apenas de transferência de armas. Trata-se de enviar pessoas da Coreia do Norte para as forças armadas do ocupante", declarou Zelensky, apelando a mais apoio por parte dos "parceiros", que são, nomeadamente, os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Europeia.

Em Bruxelas, na Bélgica, Zelensky disse na quinta-feira, que estavam a ser preparados dez mil soldados para o combate em território ucraniano. “Sabemos que estão a preparar cerca de dez mil soldados da Coreia do Norte para enviá-los para lutar contra nós” declarou Zelensky.

O acordo mútuo (e Coreia do Sul sob ameaça também?)

Durante a semana, o porta-voz do Kremlin firmou que um pacto de defesa fechado entre Moscovo e Pyongyang, assinado em junho, não requer clarificações. 

"A redação do tratado não requer qualquer clarificação, é clara", afirmou Dmitri Peskov, porta-voz da presidência russa, questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de envolvimento russo em caso de conflito armado na Península da Coreia, ou seja, contra a Coreia do Sul.

Segundo Seul, o exército norte-coreano dinamitou secções de uma estrada anteriormente utilizada para o comércio transfronteiriço com a Coreia do Sul. O governo sul-coreano afirmou ter retaliado com "fogo de retorno", sem fornecer mais detalhes.

Moscovo reitera que acordo de defesa com Pyongyang é definitivo

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A Presidência da Rússia reiterou hoje que o pacto de defesa mútua entre a Rússia e a Coreia do Norte, assinado em junho, não requer clarificações. 

Lusa | 12:03 - 15/10/2024

Mas o que aconteceu? E o que dizem os países envolvidos?

Já numa entrevista à agência de notícias sul-coreana Yonhap, divulgada hoje, e feita também em Bruxelas, o vice-ministro da Defesa sul-coreano, Kim Seon-ho, disse que Seul acredita "ser possível que a Coreia do Norte tenha disponibilizado pessoal [civil] em vez de forças militares".

Seul acredita que Pyongyang pode enviar civis para a guerra

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O vice-ministro da Defesa sul-coreano disse que Seul acredita que Pyongyang poderá enviar civis e não militares para a frente ucraniana em apoio à Rússia.

Lusa | 05:25 - 18/10/2024

Analistas disseram considerar que o fornecimento de tropas a Moscovo está em conformidade com o pacto estratégico assinado pela Coreia do Norte e pela Rússia em junho, que inclui uma cláusula de apoio mútuo no caso de um dos dois países ser atacado.

"Será determinado se se trata de pessoal civil ou de tropas assim que for recolhida, compilada e avaliada mais informação", disse Kim durante a entrevista.

Serviços secretos sul-coreanos confirmam tropas na Rússia

Já esta sexta-feira, os serviços secretos sul-coreanos confirmaram que tropas norte-coreanas foram destacadas para a Rússia e colocadas em bases militares em todo o Extremo Oriente do país.

Os soldados foram enviados para bases "incluindo Vladivostok, Ussuriysk, Khabarovsk e Blagoveshchensk, e espera-se que sejam destacados para as linhas da frente assim que completarem o treino de aclimatação".

O que diz Kim Jong-un

Em relação às tensões com a Coreia do Sul, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, afirmou que a recente destruição de acessos que ligam o país à Coreia do Sul marca "o fim da relação prejudicial" com Seul.

A Coreia do Norte fez explodir na terça-feira estradas e caminhos-de-ferro que ligam os dois países e que tinham sido brevemente reabertos durante os raros períodos de desanuviamento das relações, depois do final da Guerra da Coreia, em 1953.

A operação, referiu o líder norte-coreano, Kim Jong-un, "significa não só [um] encerramento físico" das vias de acesso, "mas também o fim da relação prejudicial com Seul".

Kim sublinhou que o "exército deve ter em conta" que a Coreia do Sul "é um país estrangeiro e um país obviamente hostil", acrescentou a KCNA.

Kim Jong-un reage a tensão com Seul:

Kim Jong-un reage a tensão com Seul: "Fim da relação prejudicial"

O líder norte-coreano afirmou que a recente destruição de acessos que ligam o país à Coreia do Sul marca "o fim da relação prejudicial" com Seul, informou hoje a agência estatal KCNA.

Lusa | 07:06 - 18/10/2024

E o que dizem os 'outros'?

Quanto aos países e organizações que estão 'fora', também houve reações. O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, considerou que "as consequências [da guerra na Ucrânia] alastraram a todo o mundo" e a invasão russa demonstrou que "até a China, Coreia do Norte e o Irão podem ser um problema para a segurança" euro-atlântica.

"Não se pode alimentar o maior conflito desde a Segunda Guerra Mundial na Europa sem consequências", acrescentou, repetindo uma expressão da sua primeira intervenção enquanto secretário-geral da NATO, há duas semanas.

Quanto ao envio de tropas norte-americanas para combater Kyiv, Rutte disse, esta sexta-feira, que não podia confirmar a presença de militares norte-coreanos, incluindo das forças especiais, a caminho da Rússia para combater na Ucrânia, apesar da confirmação de Seul.

"Neste momento não podemos confirmar as informações de que há militares da Coreia do Norte a combater ativamente na Rússia ou a caminho", explicou.

NATO não confirma militares norte-coreanos 'em combate' pela Rússia

NATO não confirma militares norte-coreanos 'em combate' pela Rússia

O secretário-geral da NATO disse hoje que não podia confirmar a presença de militares norte-coreanos, incluindo das forças especiais, a caminho da Rússia para combater na Ucrânia, apesar da confirmação de Seul.

Lusa | 12:27 - 18/10/2024

Também a China apelou à NATO que "reflita profundamente sobre o impacto das suas ações na arquitetura de segurança europeia", após o secretário-geral da organização, Mark Rutte, ter lamentado que Pequim possa "sabotar" a segurança da Aliança Atlântica.

"Esperamos que a NATO corrija as suas perceções erradas sobre a China", acrescentou, descrevendo o seu país como "a potência com o melhor historial de paz e segurança".

China apela à NATO para que

China apela à NATO para que "reflita sobre impacto na segurança europeia"

A China apelou hoje à NATO para que "reflita profundamente sobre o impacto das suas ações na arquitetura de segurança europeia", após o secretário-geral da organização, Mark Rutte, ter lamentado que Pequim possa "sabotar" a segurança da Aliança Atlântica.

Lusa | 12:47 - 18/10/2024

"O desenvolvimento da China significa um aumento das forças de manutenção da paz e dos fatores de estabilidade", afirmou a porta-voz.

Rutte disse na quinta-feira que a China não pode continuar a apoiar a Rússia na sua invasão da Ucrânia sem repercussões para os seus interesses e reputação. 

Leia Também: Kim Jong-un reage a tensão com Seul: "Fim da relação prejudicial"

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