Talibãs fuzilaram condenado em público no leste do Afeganistão

Um homem foi executado hoje por fuzilamento num estádio no leste do Afeganistão, após ter sido condenado por homicídio, tornando-se a sexta vítima de execução pelos talibãs desde 2021, segundo dados recolhidos pela agência de notícias AFP.

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© WAKIL KOHSAR/AFP via Getty Images

Lusa
13/11/2024 10:50 ‧ 13/11/2024 por Lusa

Mundo

Afeganistão

O homem foi fuzilado hoje pela manhã no estádio de Gardez, capital da província de Paktia, repleto de milhares de pessoas que vieram testemunhar esta execução, declarou um jornalista da AFP.

 

Na véspera, o governador da região tinha convocado pelas redes sociais os moradores para que "participassem no evento".

A ordem de execução foi assinada pelo líder supremo dos talibãs, Hibatullah Akhundzada, que vive isolado no sul de Kandahar e governa o país por decretos ou instruções, afirmou o Supremo Tribunal num comunicado.

Tribunais de diferentes jurisdições já tinham examinado o caso "minuciosamente e em diversas ocasiões", acrescentou o organismo.

A família da vítima foi consultada para saber se perdoariam o condenado. Diante da sua recusa, a execução foi ordenada ao abrigo do princípio islâmico de 'qisas' ou lei de Talião, segundo a mesma fonte.

Em fevereiro, três homens foram executados na mesma semana, dois em Ghazni, no leste, e um em Sheberghan, no norte. Antes disso, um homem foi fuzilado em dezembro de 2022 e um outro em junho de 2023. Todos foram condenados por homicídio.

As execuções públicas eram comuns durante o primeiro regime talibã, entre 1996 e 2001. Os condenados eram na maioria das vezes mortos a tiro ou apedrejamento, dependendo dos crimes que eram acusados.

Desde agosto de 2021, quando os talibãs retornaram ao poder no Afeganistão, as autoridades têm realizado regularmente realizado castigos públicos por outros crimes, como roubo, adultério ou consumo de álcool.

O mulá Hibatullah Akhundzada afirmou em agosto, no terceiro aniversário da tomada de Cabul, que a aplicação da lei islâmica era "uma responsabilidade até à morte".

Pouco depois, as autoridades anunciaram uma nova lei de "propagação da virtude e a repressão do vício", que rege todos os aspetos da vida social e privada dos afegãos de acordo com uma interpretação rigorosa da lei islâmica, atingindo fortemente a vida das mulheres.

Estas leis, consideradas preocupantes pelos defensores dos direitos humanos, suscitaram protestos por parte da comunidade internacional, que ainda não reconhece o poder dos talibãs no Afeganistão.

A ONU acusa as autoridades talibãs de terem estabelecido um "apartheid de género" no país de 45 milhões de habitantes, um dos mais pobres do mundo, com um crescimento anémico, desemprego massivo e uma grave crise humanitária.

Leia Também: Talibãs manifestam vontade de trabalhar com Trump "pragmático"

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