Acordo aguardado entre PPE e S&D para aval à nova Comissão Europeia

Um acordo entre Partido Popular Europeu (PPE) e Socialistas e Democratas (S&D) é esperado nas próximas horas para aprovar a nova Comissão Europeia, estando marcada uma reunião para quarta-feira em Bruxelas para ultrapassar divergências, segundo fontes partidárias.

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Lusa
19/11/2024 ‧ há 3 horas por Lusa

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Parlamento Europeu

Após "várias horas de reuniões" na última semana e de "múltiplas chamadas, até das capitais", aos líderes dos maiores grupos do Parlamento Europeu -- PPE e S&D --, várias fontes comunitárias hoje ouvidas pela agência Lusa confirmaram uma reunião marcada para quarta-feira à tarde entre os líderes dos grupos conservador, socialista e liberal (do partido Renovar a Europa) da assembleia europeia, na qual deverá também participar a líder da instituição, Roberta Metsola, entretanto envolvida no processo.

 

A ideia é, nessa reunião à porta fechada, chegar-se ao necessário consenso de dois terços para aprovar, num único 'pacote', os sete nomes ainda pendentes (de um total de 26) do novo colégio de comissários, o segundo liderado por Ursula von der Leyen, para entrar em funções a 01 de dezembro.

Entre os seis candidatos a vice-presidentes da Comissão Europeia abrangidos pelo pacote estão a estónia Kaja Kallas (Negócios Estrangeiros e Política de Segurança), o italiano Rafaelle Fitto (Coesão e Reformas), a espanhola Teresa Ribera (Transição Limpa, Justa e Competitiva), a finlandesa Henna Virkkunen (Soberania Tecnológica, Segurança e Democracia), a romena Roxana Mînzatu (Pessoas, Competências e Preparação) e o francês Stéphane Séjourné (Prosperidade e Estratégia Industrial).

Acresce o comissário indigitado pela Hungria, Oliver Várhelyi, atual representante do país na instituição e ao qual Von der Leyen atribuiu a pasta de Saúde e Bem-Estar Animal, que, por dúvidas dos eurodeputados, viu a sua avaliação adiada duas vezes e agora será avaliado em conjunto com os 'vices'.

Vincando que "toda a gente está a trabalhar para uma solução", as fontes partidárias ouvidas pela Lusa confirmaram que para o esperado aval "nas próximas horas" à nova Comissão Europeia foi crucial que tanto os democratas-cristãos como os socialistas abdicassem de "duas principais exigências".

Por um lado, o PPE deixou de exigir que Teresa Ribera, que tem processos contra si devido às trágicas inundações em Espanha, se demitisse caso as acusações avancem, e o S&D abdicou de pedir que Rafaelle Fito perdesse a vice-presidência.

Enquanto Ribera vai ser ouvida pelo parlamento espanhol na quarta-feira, como exigido pelos conservadores espanhóis (do Partido Popular), o segundo tem uma vice-presidência devido acordo alcançado no Conselho Europeu, em junho passado, relativamente aos cargos de topo da União Europeia (UE), como exigido pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, lembraram as mesmas fontes.

Por decidir estão, porém, alguns pontos: se socialistas, conservadores e liberais se comprometem por escrito a aprovar a nova Comissão Europeia num todo ou se é apenas um acordo verbal; se são feitos compromissos sociais e ambientais; e, ainda, se há garantias de que o próximo presidente do Parlamento Europeu, dentro de dois anos e meio e após Roberta Metsola, é do S&D.

As várias fontes europeias ouvidas pela Lusa manifestaram otimismo sobre um consenso na quarta-feira, apesar destas incógnitas, e salientaram que o acordo de junho passado sobre os cargos de topo da UE entre as maiores forças partidárias ainda prevalece, devendo ser respeitado.

Até porque, adiantaram, "o risco é demasiado alto": o 'chumbo' do comissário húngaro, por exemplo, obrigaria o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, a decidir sobre um novo nome, o que colocaria a liderança europeia num limbo; e uma rejeição do colégio de comissários no seu todo levaria a um executivo comunitário de gestão, algo inédito na história da UE.

Caso não haja um aval na quarta-feira, este terá de chegar nos próximos dias, até porque para dia 27 de novembro está marcado um voto no plenário do Parlamento Europeu, na sessão na cidade francesa de Estrasburgo, sobre a nova Comissão Europeia.

"As negociações devem chegar a um bom porto até porque, se isso não acontecesse, estaríamos a abrir uma nova crise na vida da Europa e isso causa uma grande preocupação e obriga a cedências", referiu uma das fontes ouvidas pela Lusa.

Uma outra corroborou: "Acabará por haver um entendimento porque ninguém está condições para se responsabilizar por uma rutura, mas também é verdade que pode ir até ao último minuto [antes de dia 27]".

Em comum a estas fontes está, ainda, a certeza de que a política interna espanhola, entre socialistas e conservadores, acabou por dificultar as negociações, que eram quase impossíveis há uma semana e hoje parecem quase concluídas.

No novo executivo comunitário de Von der Leyen, 19 nomes têm já aval garantido, entre os quais a comissária europeia indigitada por Portugal, Maria Luís Albuquerque, a quem foi atribuída a pasta dos Serviços Financeiros e União de Poupança e Investimento.

Aos 57 anos, a antiga governante portuguesa é uma das 11 mulheres entre 27 nomes (uma quota de 40% para mulheres e de 60% de homens) do próximo executivo comunitário de Von der Leyen, agora sujeito a aval parlamentar, que tem como principal missão a competitividade económica comunitária.

Leia Também: Mil dias de guerra na Ucrânia. Parlamento Europeu promove sessão especial

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