O apelo foi transmitido por uma equipa de quatro diplomatas franceses que Paris enviou hoje à capital síria, Damasco.
A França afirmou que "terá o cuidado de assegurar que os interesses de segurança coletiva sejam garantidos", segundo um comunicado do ministério citado pela agência francesa AFP.
A segurança coletiva "implica continuar a luta contra o Daesh [acrónimo árabe do EI] e outros grupos terroristas, e impedir a disseminação das armas químicas do regime sírio" deposto, afirmou.
Os diplomatas franceses disseram ainda que "a França determinará o seu empenhamento na Síria à luz destes critérios", em particular.
A bandeira francesa foi hasteada hoje na embaixada de França em Damasco, encerrada em 2012, aquando da chegada da missão diplomática enviada por Paris pela primeira vez em 12 anos.
"A França está a preparar-se para estar ao lado dos sírios" durante o período de transição, disse o enviado especial para a Síria, Jean-François Guillaume, que liderou a missão.
Abandonado pelos seus aliados Rússia e Irão, o agora ex-presidente sírio, Bashar al-Assad, fugiu para Moscovo quando os rebeldes tomaram Damasco, em 08 de dezembro, após uma ofensiva relâmpago a partir do norte da Síria.
A ofensiva foi liderada pela Hayat Tahrir al-Sham (HST), ou Organização de Libertação do Levante, herdeira da Frente al-Nusra, uma antiga filial da Al-Qaida na Síria.
Os rebeldes, que nomearam um governo de transição, prometeram tolerância para com as diferentes seitas e credos do país.
Após uma reunião com um representante das novas autoridades em Damasco, os diplomatas franceses reiteraram o desejo de que os sírios "assistam a uma transição política pacífica", de acordo com os ideais da revolução de 2011.
A revolução, integrada no chamado movimento da "primavera árabe" que derrubou vários regimes na região, deu origem a uma guerra civil na Síria em que Assad teve o apoio da Rússia e do Irão.
Os diplomatas franceses defenderam que a transição deve englobar todas as componentes da sociedade síria e respeitar "os direitos de todos os sírios, incluindo as mulheres".
Os diplomatas foram convidados a visitar a embaixada francesa, encerrada desde 2012, "a fim de trabalhar para a reabertura, em função das condições políticas e de segurança, das instalações diplomáticas francesas", disse o ministério.
O enviado especial francês para a Síria manteve também conversações com representantes de organizações da sociedade civil síria envolvidas na ajuda à população.
Guillaume transmitiu a disponibilidade da França "para mobilizar sem demora meios para prestar apoio médico e psicológico aos detidos libertados das prisões do regime e para promover a luta contra a impunidade dos crimes cometidos", acrescentou o ministério.
Além da França, a Alemanha, o Reino Unido e a ONU enviaram emissários à capital síria para estabelecer contactos com as autoridades de transição.
As novas autoridades sírias, dominadas por radicais islâmicos, estão a tentar assegurar ao mundo que são capazes de trazer a paz à Síria, dividida e devastada por 13 anos de guerra civil.
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