"Este é o ano em que a Europa deve mostrar a sua unidade e força", afirmou o ministro da Defesa polaco, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, durante uma reunião internacional em Varsóvia, na qual defendeu a necessidade de todos os aliados europeus aumentarem os seus gastos com defesa.
O governante polaco recordou que o seu país destina atualmente 4,6% do seu Produto Interno Bruto (PIB) para cobrir a segurança e a defesa, um investimento reforçado desde a invasão da Ucrânia pelas forças russas, em fevereiro de 2022, mas a maioria dos aliados da NATO, incluindo Portugal, estão muito abaixo deste nível, e até dos 2% acordados na Aliança Atlântica.
O seu homólogo francês, Sébastien Lecornu, que se avistou com Kosiniak-Kamysz antes da reunião, reconheceu que "este é o momento em que devem ser levantadas questões sobre a coordenação" da segurança e defesa europeias, e propôs o estabelecimento de uma plataforma conjunta para o armamento.
No entanto, Lecornu evitou referir-se aos 5% propostos pelo futuro Presidente norte-americano, Donald Trump, que, no dia 20 de janeiro regressará para um novo mandato na Casa Branca.
"É curioso, porque quando o crescimento do PIB diminui, mais de 2% ou 3% do PIB é gasto em defesa. Mas, quando há um crescimento forte, a quota-parte das despesas com a defesa diminui", comentou o ministro francês, acrescentando que "é melhor ter 100 tanques operacionais do que 200 ou 300 que não funcionam".
O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, destacou a importância de apoiar a Ucrânia e de dirigir os esforços militares europeus para o país invadido pela Rússia.
"Além do fornecimento de materiais, o apoio à indústria de armamento ucraniana é um fator decisivo que devemos apoiar adequadamente, financiando as compras ucranianas", defendeu Pistorius, favorável à criação de 'joint-ventures' com Kyiv para a produção de 'drones'.
Mas também evitou discutir a questão do orçamento da defesa.
Na segunda-feira, antes de viajar para Varsóvia, Pistorius já tinha sublinhado que a discussão sobre as percentagens que cada país consegue alcançar nos gastos da NATO "não ajuda", uma vez que a questão das capacidades militares é tão ou mais importante como as despesas.
O ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, disse, por seu lado, que "há três anos ninguém pensava que a segurança dos países europeus pudesse estar em risco" e "gastar em defesa era considerado completamente inútil", mas, sustentou, um bom exército é hoje "uma garantia de sobrevivência" das democracias de toda a Europa.
Na sua opinião, porém, é crucial ter em conta a dificuldade de se investir na defesa num momento económico como o atual, em que a economia europeia cresce a um ritmo lento e cujo "motor", a Alemanha, está em recessão há dois anos consecutivos.
A próxima reunião do grupo de cinco países, que se reuniu hoje em Varsóvia, terá lugar em Paris e contará com a presença do secretário-geral da NATO, da alta representante da União Europeia para a Política Externa e do comissário da Defesa dos 27.
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