A antiga estrela do críquete, agora líder da oposição, denuncia os seus múltiplos julgamentos como uma manobra para o impedir de regressar ao poder no Paquistão.
Primeiro-ministro entre 2018 e 2022, Khan assegura estar a ser alvo de um golpe político, já que entrou em guerra aberta contra o exército - que o levou ao poder, segundo os especialistas, embora a instituição militar garanta nunca interferir na política.
O PTI (Movimento Paquistanês pela Justiça), criado pelo antigo jogador de críquete e que constitui o maior partido no parlamento, foi expulso da coligação governamental formada após as eleições de fevereiro de 2024.
Sublinhando que se tratou de um golpe para "privar as pessoas dos seus direitos básicos e da democracia", o antigo primeiro-ministro classifica o atual executivo como "um Governo fantoche".
O político, de 72 anos, que está preso desde agosto de 2023, sofreu um dos seus maiores reveses há 10 dias, quando foi considerado culpado de desvio de fundos.
A sua terceira mulher, Bushra Bibi, libertada no final de outubro, foi detida na mesma noite e colocada na mesma prisão que o marido.
"Apresentámos um recurso e, nos próximos dias, o tribunal vai processar o pedido e marcar uma data para uma nova audiência", disse Khalid Yousaf Chaudhry, um dos advogados do casal, citado pela agência de notícias francesa AFP.
Quando a sentença foi anunciada, Imran Khan prometeu que não iria tentar "nem um acordo nem uma redução" da pena, mas as quatro condenações anteriores de Khan foram todas anuladas em recurso ou suspensas pelos juízes.
O caso atual envolve um fundo de caridade da fundação Al-Qadir Trust, criada por Khan e pela mulher, em 2018.
De acordo com as acusações, Khan e Bibi obtiveram um terreno no valor de 23,3 milhões de euros como suborno do magnata do setor imobiliário Malik Riaz Hussain.
Em 2019, Hussain assinou um acordo extrajudicial com a Agência Nacional do Crime do Reino Unido para o repatriamento de 190 milhões de libras (233,3 milhões de euros) para o Governo paquistanês num caso de lavagem de dinheiro.
Na altura, o gabinete de Khan aprovou que o dinheiro fosse devolvido para a conta do magnata, alegadamente em troca do terreno.
Um painel de peritos da ONU denunciou em julho a sua detenção, considerando-a arbitrária, e apelou à sua libertação imediata.
No domingo, Imran Khan pediu aos seus apoiantes, através de uma mensagem publicada nas redes sociais, que assinalassem "um dia negro" a 08 de fevereiro, o primeiro aniversário da eleição do atual Governo.
Khan admite ter esperança num regresso ao poder, graças ao entusiasmo popular que a sua promessa de renovação política ainda suscita.
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