Numa série de anúncios hoje em Damasco, as novas autoridades sírias suspenderam também a Constituição em vigor desde 2012 e dissolveram as atividades do parlamento, bem como o Baas, do anterior Presidente Bashar al-Assad, o partido no poder há mais de 60 anos.
Além do Exército, todos os grupos armados existentes no país ficam também suspensos.
Ahmed al-Charaa, líder de facto de uma coligação de grupos rebeldes que afastou Assad do poder em 08 de dezembro do ano passado, foi nomeado "Presidente para a fase de transição" e representará a Síria nos fóruns internacionais.
Está também encarregado de formar conselho legislativo interino, embora não seja apontado um período da sua vigência.
Estas medidas surgem no seguimento de uma reunião hoje à noite de al-Charaa com vários líderes de fações armadas e das "forças revolucionárias" sírias.
Além disso, "todos os grupos armados, corpos políticos e civis, que afirmam fazer parte da revolução, são dissolvidos e devem ser integrados nas instituições do Estado", segundo a declaração de um porta-voz militar, coronel Hassan, divulgada pela agência Sana.
O mesmo porta-voz anunciou "a dissolução do Exército do regime deposto", com vista à "reconstrução do Exército sírio".
Da mesma forma, todas as forças de segurança associadas ao antigo regime são dissolvidas, de acordo com as novas autoridades de Damasco, que indicaram a sua determinação em criar um sistema que "preserve a segurança dos cidadãos".
Após a queda de Bashar al-Assad, um novo Governo de transição, com a duração de três meses, foi nomeado pela coligação de grupos armados que assumiu o poder, prometendo elaborar uma nova Constituição e reanimar a frágil economia do país.
As novas autoridades sírias são lideradas pelo antigo grupo rebelde islamita Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS), de al-Charaa, que se aliou aos movimentos armados apoiados pela Turquia na ofensiva relâmpago que derrubou Assad.
Apesar das suas origens islamitas e com ligações anteriores a grupos terroristas, o novo poder sírio tem procurado desde 08 de dezembro tranquilizar o país e a comunidade internacional, expressando mensagens de integração da diversidade política e religiosa do país.
Ao mesmo tempo que tenta consolidar o seu poder e manter o Estado funcional, lida com a persistência de combates no norte da Síria entre forças apoiadas pela Turquia e grupos dominados pelos curdos e a presença de tropas israelitas no sul, em violação da zona desmilitarizada junto da fronteira entre os dois países.
[Notícia atualizada às 20h02]
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