Morre aos 95 anos Sam Nujoma, pai da independência da Namíbia

"O nosso pai fundador teve uma vida longa e decisiva, durante a qual serviu de forma excecional", lê-se num no comunicado, que manifesta "pesar e tristeza".

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© Wilfred Kajese/Anadolu Agency via Getty Images

Lusa
09/02/2025 07:21 ‧ há 2 dias por Lusa

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Namíbia

O herói da independência da Namíbia e primeiro presidente do país, Sam Nujoma, morreu no sábado aos 95 anos, anunciou hoje a Presidência namibiana.

 

"O nosso pai fundador teve uma vida longa e decisiva, durante a qual serviu de forma excecional", lê-se num no comunicado, que manifesta "pesar e tristeza".

Enquanto líder da Swapo, o movimento de libertação que cofundou em 1960, Sam Nujoma conquistou a independência da Namíbia, em 1990, da África do Sul, que tinha assumido o controlo do território à Alemanha após a Primeira Guerra Mundial.

Começou por unificar uma população de dois milhões de habitantes, de uma dezena de grupos étnicos, que o apartheid tinha procurado dividir.

O "Velho", como era apelidado o antigo presidente, de barba farta e que fazia lembrar Fidel Castro, deixou o poder aos 75 anos, em 2005, depois de ter conseguido que a Constituição fosse alterada para poder completar um terceiro mandato.

Nomeou um fiel seguidor como sucessor, mas manteve-se sempre presente nos bastidores.

Numa das últimas aparições públicas, em maio de 2022, aos 93 anos, mostrou-se com o punho erguido. Deixando cair o andarilho, apelou para uma dedicação contínua aos "ideais pan-africanos".

Com um ar frequentemente severo durante os discursos, o antigo chefe de Estado era conhecido pelas explosões de raiva contra os "colonizadores brancos" e os "neoimperialistas".

Em 2021, considerou insuficiente a proposta da Alemanha de pagar mais de mil milhões de euros de indemnização pelo massacre de dezenas de milhares de indígenas Hereros e Namas, considerado o primeiro genocídio do século XX.

"A Namíbia deve voltar à mesa das negociações com a Alemanha", disse, descrevendo a proposta como "terrivelmente insignificante".

O estatuto de pai da independência permitiu-lhe gozar do apoio popular num país conservador.

O homem cujo rosto está impresso nas notas de banco condenou abertamente a homossexualidade, qualificando-a frequentemente de loucura.

Na frente diplomática, apoiou, por exemplo, o vizinho Robert Mugabe, do Zimbabué, na política de reforma agrária para expropriar os agricultores brancos, e manteve relações com Cuba, Líbia, Irão e Coreia do Norte.

Nascido a 12 de maio de 1929 no seio de uma família de agricultores, Sam Nujoma era o mais velho de dez filhos. Cuidava de vacas e cabras, até que, aos 17 anos, deixou a remota aldeia do norte onde vivia para se mudar para a cidade portuária ocidental de Walvis Bay.

Descobriu a discriminação contra os negros e depressa se tornou sindicalista, frequentando aulas noturnas, onde conheceu ativistas pró-independência.

Forçado a exilar-se em 1960 no Botswana, depois no Gana e nos Estados Unidos, teve de deixar para trás a mulher e quatro filhos.

À frente da Swapo, lançou a luta armada em 1966. A guerra da independência custou mais de 20.000 vidas. Quando se tornou presidente, Sam Nujoma recusou-se a criar uma comissão para examinar as atrocidades cometidas durante os 23 anos de conflito entre a Swapo e os esquadrões da morte pró-sul-africanos.

Depois de se retirar da vida política, regressou à escola e obteve um mestrado em Geologia, convencido de que as montanhas da Namíbia estavam repletas de riquezas minerais inexploradas.

Leia Também: MNE chinês inicia na Namíbia a tradicional digressão anual por África

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