Um vídeo divulgado pelo canal de televisão estatal CCTV mostra Ma a aplaudir, antes da entrada de Xi e de outros líderes do Partido Comunista da China (PCC), no início de um simpósio invulgar com executivos do setor privado, incluindo empresas como a Tencent, BYD, Huawei e DeepSeek.
A queda de Ma remonta ao final de 2020, quando proferiu um discurso polémico, no qual atacou a estratégia de Pequim para minimizar os riscos no sistema financeiro e os bancos tradicionais, que, segundo ele, eram geridos como "casas de penhores".
Dias depois, os reguladores chineses forçaram a suspensão da entrada em bolsa da subsidiária 'fintech' (tecnológica financeira) da Alibaba, a Ant Group, operadora da popular plataforma de pagamentos Alipay.
O negócio, que descarrilou apenas 36 horas antes da data prevista para a sua realização, deveria ter sido a maior entrada em bolsa da história, permitindo à empresa arrecadar 34,5 mil milhões de dólares (quase 33 mil milhões de euros).
Até então, Ma era o homem mais rico da China -- é agora o oitavo com uma fortuna de 27,2 mil milhões de dólares (quase 26 mil milhões de euros), menos 44% do que em 2021. O empresário não só era o grande rosto visível do desenvolvimento do setor privado no país asiático, como também era considerado praticamente intocável.
Depois das disputas com Pequim, Ma manteve-se discreto, a ponto de se especular que as autoridades o teriam proibido de sair do país ou que teria sido detido.
A mudança, segundo os especialistas, chegou no início de 2023, quando o Ant Group cumpriu uma das principais exigências de Pequim: dissolver o poder de voto de Ma, o que muitos analistas interpretaram como o fim de uma campanha reguladora que tinha resultado em multas antimonopólio contra a Alibaba e outras empresas proeminentes como a Tencent ou a Didi, a "Uber chinesa" .
Nas palavras da empresa de consultoria Trivium China: "A campanha começou com Jack Ma e termina com Jack Ma".
Em março do mesmo ano, o empresário reapareceu na China após notícias de que se tinha mudado para o exterior, e os especialistas anteciparam que Pequim esperava que o seu regresso servisse para estimular os esforços do Governo para recuperar a confiança do setor privado.
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