"Quando vamos negociar sob proposta dos nossos parceiros, a primeira coisa que queremos fazer é ouvi-los", disse Serguei Lavrov numa conferência de imprensa no final das conversações com o homólogo sérvio, Marko Djuric.
Os presidentes russo, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Donald Trump, concordaram na necessidade de deixar para trás um período completamente anormal nas relações entre as duas grandes potências, durante o qual essencialmente não comunicaram, exceto em certas questões técnicas e humanitárias.
"E os presidentes concordaram que é necessário retomar o diálogo sobre todas as questões que, de uma forma ou de outra, podem ser resolvidas com a participação da Rússia e dos Estados Unidos", sublinhou Lavrov.
Entre elas, mencionou a resolução do conflito na Ucrânia, a situação no Médio Oriente e "uma série de outras regiões do mundo que não estão atualmente num estado muito calmo".
"Por isso, vamos ouvir os nossos interlocutores norte-americanos e, claro, estaremos prontos para reagir. Informaremos os nossos líderes, que tomarão decisões sobre os próximos passos", resumiu.
Sobre o conflito ucraniano, Lavrov afirmou que os Estados Unidos "podem ajudar a resolver o problema".
"Não escondemos o facto de que essa ajuda é perfeitamente possível. Além disso, os Estados Unidos têm desempenhado um papel importante na crise ucraniana desde o início", explicou.
Lavrov, no entanto, rejeitou o envolvimento dos países europeus num processo de resolução, que acusou de utilizarem o congelamento do conflito como subterfúgio para a continuação da guerra.
"Não sei o que estão a fazer à mesa das negociações", disse, insistindo que a Europa não tem lugar nas futuras negociações entre a Rússia e os Estados Unidos para pôr fim ao conflito na Ucrânia, porque quer "continuar a guerra".
"Se [os europeus] vierem para a mesa de negociações com a intenção de continuar a guerra, então porque é que os havemos de convidar?", declarou Sergei Lavrov, na véspera das conversações russo-norte-americanas na Arábia Saudita, que deverão abordar o conflito na Ucrânia.
O Kremlin anunciou hoje para terça-feira uma reunião emn Riade, na Arábia Saudita, entre representantes da Rússia e dos Estados Unidos para discutir a normalização das relações bilaterais, os preparativos para uma cimeira entre os dois presidentes e futuras conversações de paz sobre a Ucrânia.
Por ordem de Putin, a Rússia será representada por Lavrov e pelo conselheiro do Kremlin Yuri Ushakov, que partirão ainda hoje para Riade, disse o porta-voz presidencial Dmitry Peskov.
O Secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, já se encontra na capital saudita, na segunda paragem da sua primeira viagem ao Médio Oriente, uma questão que o Kremlin também espera que seja discutida na reunião de terça-feira.
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