"Quero reiterar a rejeição rotunda de Espanha à proposta de transferir a população palestiniana para fora da Faixa de Gaza. Gaza é dos palestinianos e parte do futuro Estado palestiniano", disse Sánchez, referindo-se à proposta do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para o controlo norte-americano daquele território.
O primeiro-ministro espanhol considerou que "a expulsão" da população palestiniana de Gaza "é imoral", viola o direito internacional e as resoluções das Nações Unidas e "tem um efeito desestabilizador a nível regional e a nível mundial".
Espanha vai "continuar a apostar por uma solução política" para o Médio Oriente, nomeadamente, para que "seja realidade a solução dos dois Estados", Israel e Palestina, acrescentou, considerando fundamental, neste contexto, "a liderança árabe" e "o diálogo euro-árabe".
Sánchez considerou ser necessário "consolidar o cessar-fogo" em Gaza, entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, que controla aquele território desde 2007, sublinhou o papel e o esforço do Egito neste contexto e apelou a que "a libertação de reféns" israelitas se "complete plenamente", a par da entrada de ajuda humanitária em Gaza.
O líder do Governo de Espanha reiterou ainda que deve ser a Autoridade Palestiniana a controlar Gaza no futuro.
Também o Presidente do Egito, país que tem fronteira com a Faixa de Gaza, sublinhou "a necessidade de continuar o intercâmbio de reféns [israelitas e presos palestinianos entre Israel e o Hamas]", assim como de aplicar as resoluções internacionais para "salvar a população de Gaza da tragédia que está a sofrer".
Segundo a tradução das suas declarações de árabe para espanhol, Al-Sisi manifestou "apreço e admiração pela posição espanhola" no conflito entre Israel e o Hamas, porque "reconhece os direitos dos palestinianos e defende o estabelecimento do Estado palestiniano".
Al-Sisi, que se reuniu hoje em Madrid com Sánchez, destacou que ambos estão também de acordo com "a necessidade da reconstrução de Gaza sem deslocamento forçado da população", assim como em relação à necessidade de "reforçar o papel das organizações internacionais" de ajuda humanitária e ao desenvolvimento, sobretudo, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA).
"Não se pode prescindir dos seus serviços para ajudar a população palestiniana", disse Al-Sisi, numa declaração ao lado de Pedro Sánchez, em Madrid, no Palácio da Moncloa, a sede do Governo de Espanha.
Em janeiro deste ano, Israel proibiu as atividades da UNRWA nos territórios palestinianos, dando sequência a uma lei aprovada em 2024, acusando-a de ter ligações com o Hamas, embora até à data só tenha apresentado provas 'ad hoc' contra alguns trabalhadores.
Al-Sisi visitou hoje Madrid e manteve uma reunião com Sánchez, tendo os dois assinado diversos acordos de cooperação bilateral em diversos âmbitos, como comércio, investimento, migrações, defesa, agricultura e pescas, transportes ou turismo, entre outros.
Sánchez considerou a visita de Al-Sisi a Madrid importante também pela "situação crítica" no Médio Oriente e em especial em Gaza.
Espanha foi um dos países europeus que no ano passado reconheceu a Palestina oficialmente como Estado e Sánchez foi um dos líderes da União Europeia que mais criticou Israel pela resposta militar que deu ao ataque do Hamas de 07 de outubro de 2023.
Sánchez garantiu hoje que Espanha apoiará a proposta para a reconstrução de Gaza que será levada à cimeira da Liga Árabe prevista para o Cairo para 04 de março.
Leia Também: Sánchez diz que que paz tem de ter "implicação ativa" da UE e da Ucrânia