"Esta medida constitui uma violação flagrante do acordo de cessar-fogo e do direito internacional humanitário", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Cairo em comunicado.
A diplomacia egípcia considerou não haver razão, nem "nenhuma circunstância, nenhuma lógica que permita utilizar a fome de civis inocentes e o cerco que lhes é imposto, especialmente durante o mês do Ramadão, como arma contra o povo palestiniano".
O Egito, que mediou com o Qatar e com os Estados Unidos a trégua entre Israel e o Hamas, apelou à comunidade internacional para que assuma as suas responsabilidades e "ponha fim a todas as práticas ilegais e desumanas contra civis".
O governo israelita anunciou hoje a suspensão da ajuda humanitária no enclave, acusando o movimento islamita palestiniano Hamas de "não aceitar o projeto (do enviado especial dos EUA Steve) Witkoff para a continuação das conversações", referindo-se à proposta de prolongamento da primeira fase das tréguas.
O Egito espera que uma delegação israelita chegue ao Cairo para discutir uma proposta egípcia, que inclui o prolongamento da primeira fase por duas semanas.
As negociações entre Israel e o Hamas foram interrompidas na sexta-feira, depois de a equipa de negociação israelita ter proposto aos mediadores no Cairo o prolongamento da fase atual, a fim de manter as trocas de reféns por prisioneiros palestinianos, sem implementar a segunda fase.
O Hamas qualificou a proposta israelita como "inaceitável" por considerar que tal decisão permite a Israel manter as suas forças no enclave, incluindo no corredor estratégico de Filadélfia, ao longo da fronteira com o Egito, sem se comprometer a pôr fim à guerra, como consta do pacto que assinaram em Doha em janeiro.
Também a Jordânia condenou a decisão de Telavive, alertando para o risco de "explodir de novo a situação" no território palestiniano.
Esta decisão é uma "violação flagrante" do acordo de tréguas, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros em Amã, que instou Israel a "deixar de utilizar a fome como arma contra os palestinianos e os inocentes, impondo-lhes um cerco, nomeadamente durante o mês sagrado do Ramadão".
O Qatar, através do seu Ministério dos Negócios Estrangeiros, também caracterizou como "violação flagrante" a decisão israelita e acrescentou rejeitar "a utilização da fome como arma de guerra".
A Arábia Saudita já tinha considerado o bloqueio como um "instrumento de chantagem" e uma "punição coletiva".
"Trata-se de uma violação flagrante do direito internacional (...) tendo em conta a catástrofe humanitária que o povo palestiniano irmão enfrenta", segundo um comunicado saudita.
O conflito em Gaza iniciou-se com um ataque do Hamas em 07 de outubro de 2023, que causou 1200 mortos em Israel, na sua maioria civis, e fez cerca de 250 reféns, segundo Telavive.
Em resposta, a ofensiva militar israelita matou mais de 48 mil pessoas, segundo as autoridades de Gaza controladas pelo Hamas.
As duas partes concordaram com o acordo de cessar-fogo em três fases em meados de janeiro.
[Notícia atualizada às 21h05]
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