Dinamarca rejeita vontade de Trump de integrar Gronelândia nos EUA

A Dinamarca rejeitou hoje a possibilidade de os Estados Unidos anexarem a Gronelândia, depois de o Presidente Donald Trump ter reafirmado que pretende apoderar-se do território autónomo dinamarquês "de uma forma ou de outra".

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© BO AMSTRUP/Ritzau Scanpix/AFP via Getty Images

Lusa
05/03/2025 11:26 ‧ há 11 horas por Lusa

Mundo

Gronelândia

"Isso não vai acontecer", disse o ministro da Defesa, Troels Lund Poulsen, à emissora pública dinamarquesa DR, segundo a agência francesa AFP.

 

Ao discursar perante o Congresso em Washington na terça-feira, Trump convidou o povo da Gronelândia a juntar-se aos Estados Unidos, alegando razões de segurança internacional, e afirmou que isso acontecerá "de um forma ou de outra".

"Manter-vos-emos seguros, enriquecer-vos-emos e, juntos, levaremos a Gronelândia a patamares que nunca imaginaram ser possíveis", prometeu Trump.

Poulsen destacou como positiva a referência de Trump ao respeito dos gronelandeses pelo direito de decidirem o próprio futuro.

"A direção que a Gronelândia quer tomar caberá aos gronelandeses escolher", acrescentou o ministro da Defesa da Dinamarca.

A Gronelândia tem estado no centro das atenções desde o final de dezembro, quando o então recém-eleito presidente Trump reiterou o desejo de anexar a maior ilha do Ártico aos Estados Unidos.

As eleições legislativas na Gronelândia estão marcadas para 11 de março.

De visita à Finlândia, o chefe da diplomacia dinamarquesa, Lars Lokke Rasmussen, também reagiu ao discurso de Trump afirmando não acreditar que a Gronelândia venha a fazer parte dos Estados Unidos.

Rasmussen afirmou estar "muito otimista" quanto à decisão que os gronelandeses vão tomar sobre o seu lugar na Dinamarca.

"Eles [os gronelandeses] querem afrouxar os laços com a Dinamarca e estamos a trabalhar nesse sentido para termos uma relação mais igualitária, mas não tenho ideia de que queiram fazer isso para se integrarem nos Estados Unidos", afirmou, citado pela agência espanhola EFE.

Rasmussen desvalorizou a afirmação de Trump de que a incorporação da Gronelândia nos Estados Unidos acontecerá de uma forma ou de outra.

"Estamos conscientes de que a Gronelândia, a Dinamarca e os Estados Unidos têm interesses comuns no que diz respeito à segurança no Extremo Norte e no Ártico e estamos dispostos a trabalhar com os nossos amigos americanos para alcançar este objetivo", afirmou.

"Mas, claro, com base no facto de termos um reino dinamarquês", sublinhou Rasmussen durante uma conferência de imprensa com a homóloga finlandesa, Elina Valtonen.

O ministro acrescentou ser muito importante que as eleições de 11 de março sejam livres e justas, e que não haja interferência externa no ato eleitoral.

O serviço de informações dinamarquês advertiu no final de fevereiro para uma "possível influência estrangeira", nomeadamente da Rússia, nas eleições na Gronelândia.

Trump disse pela primeira vez que queria comprar a Gronelândia em 2019, durante o primeiro mandato na Casa Branca (presidência), uma oferta que tanto o território autónomo como a Dinamarca rejeitaram.

A ilha ártica com dois milhões de quilómetros quadrados (80% dos quais cobertos de gelo) tem uma população de apenas 56 mil habitantes.

Desde 2009, a Gronelândia tem um novo estatuto que reconhece o direito à autodeterminação.

Os Estados Unidos mantêm uma base militar no norte da Gronelândia ao abrigo de um amplo acordo de defesa assinado em 1951 entre Copenhaga e Washington.

Além da localização estratégica no Ártico, a Gronelândia possui minerais de terras raras presos sob o gelo, necessários para as telecomunicações, e milhares de milhões de barris de petróleo por explorar, segundo a agência norte-americana AP.

Leia Também: Dinamarca preocupada com influência russa nas eleições na Gronelândia

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