Numa declaração conjunta, os chefes das diplomacias de Londres, Paris e Berlim sublinharam que é vital manter o cessar-fogo entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, bem como a libertação de reféns na Faixa de Gaza e a entrada de ajuda humanitária no território.
"Reiteramos o nosso apoio contínuo ao cessar-fogo entre Israel e o Hamas. É vital que seja mantido, que todos os reféns sejam libertados e que o fluxo contínuo de ajuda humanitária para Gaza seja garantido", segundo a declaração divulgada pela diplomacia britânica.
O acesso de apoio ao enclave palestiniano inclui equipamentos médicos, abrigos e materiais para água e saneamento, "essenciais para satisfazer as necessidades humanitárias e de recuperação rápida em Gaza".
A suspensão da entrada da ajuda anunciada no passado domingo pelo Governo israelita, depois de o Hamas ter rejeitado os termos de um acordo para prolongar o cessar-fogo, "pode ????constituir uma violação do direito internacional humanitário", alertaram aqueles países, que formam o grupo conhecido como E3.
A declaração referiu que a ajuda "nunca deveria ser condicionada a um cessar-fogo ou utilizada como uma ferramenta política" no âmbito do conflito que se prolonga há mais de um ano.
"A situação humanitária em Gaza é catastrófica. Expressamos a nossa profunda preocupação com o anúncio do Governo israelita de 02 de março de interromper toda a entrada de bens e mantimentos em Gaza", acrescentaram os ministros.
A declaração apela ainda às partes para "se envolverem construtivamente" na negociação das fases seguintes do acordo e na sua plena implementação com vista ao fim permanente das hostilidades.
Pediram ainda ao Hamas que liberte todos os reféns e acabe com "o seu tratamento degradante e humilhante".
Os governantes "saúdam com satisfação os esforços egípcios, qataris e americanos para mediar um acordo sobre uma extensão" do cessar-fogo, referindo-se aos países mediadores das negociações.
"Precisamos que todas as partes mantenham o cessar-fogo e garantam que este conduz à paz sustentável, à reconstrução de Gaza e permita um caminho fiável para uma solução de dois Estados, na qual israelitas e palestinianos possam viver juntos em paz", concluíram.
O conflito foi desencadeado por um ataque sem precedentes do Hamas no sul do território israelita em 07 de outubro de 2023, que fez cerca de 1.200 mortos e 250 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala, que provocou mais de 48 mil mortos, na maioria civis, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, e deixou o enclave palestiniano mergulhado numa grave crise humanitária.
Israel anunciou no domingo a sua decisão de cortar a ajuda humanitária à Faixa de Gaza, num momento de desentendimentos com o Hamas sobre a frágil trégua, cuja primeira fase entrou em vigor em 19 de janeiro e terminou no sábado, após mais de 15 meses de guerra que devastou o território palestiniano.
A ajuda humanitária tornou-se na "principal fonte de rendimento" para o movimento islamista palestiniano na Faixa de Gaza, acusou o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, na terça-feira.
A primeira fase do cessar-fogo permitiu o regresso a Israel de 33 reféns, incluindo oito mortos, em troca da libertação de cerca de 1.800 prisioneiros palestinianos.
Segundo o acordo alcançado em janeiro, a segunda fase, que deveria ter começado no domingo, prevê a libertação de todos os reféns vivos mantidos na Faixa de Gaza em troca de novas libertações de prisioneiros palestinianos.
Israel e o Hamas não estão ainda de acordo sobre os termos para avançar para esta nova etapa.
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