Israel recusa que ajuda a Gaza possa "dar poder ao Hamas"

O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita garantiu esta segunda-feira que a distribuição de ajuda humanitária em Gaza será diferente do que até agora e realizada de forma a "não dar poder ao Hamas".

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Lusa
24/03/2025 12:22 ‧ há 2 dias por Lusa

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"Não vou elaborar sobre como [será feita], mas será de uma forma que não empodere o [grupo islamita palestiniano] Hamas. Não lhes daremos a oportunidade de o usar como motor financeiro", disse Gideon Sa'ar, numa conferência de imprensa realizada em Jerusalém com a Alta Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, depois de os dois se terem reunido.

 

O diplomata israelita defendeu o bloqueio total ao acesso à ajuda humanitária que o seu país mantém desde o início do mês em Gaza, argumentando que, caso a entrada fosse permitida, a ajuda acabaria nas mãos do grupo islamita que governa o enclave.

"Nenhum país é obrigado a facilitar uma guerra contra si próprio", afirmou, citando o artigo 23.º da Convenção de Genebra, segundo o qual a entrega de ajuda humanitária pode ser condicionada se puder dar "uma vantagem definitiva aos esforços militares ou económicos do inimigo".

O ministro lembrou que Israel ainda permitiu que cerca de 25 mil camiões que transportavam ajuda humanitária entrassem em Gaza durante o cessar-fogo.

O Hamas, no entanto, queixou-se, durante a trégua, de que Israel não estava a cumprir algumas das remessas acordadas, como casas pré-fabricadas (chegaram pouco mais de uma dezena quando o Governo de Gaza solicitou 60.000) para a população.

Embora a entrada de alimentos em Gaza durante o cessar-fogo tenha permitido que os preços, que dispararam durante a guerra, fossem regulados, o novo bloqueio de ajuda fez com que voltassem a subir.

Segundo a porta-voz da UNICEF em Gaza, Rosalía Bollen, as suas equipas viram preços exorbitantes nos mercados de Gaza, como um saco de 5 quilos de batatas por cerca de 100 dólares (cerca de 92 euros).

O bloqueio de ajuda humanitária a Gaza foi visto como uma estratégia de pressão de Israel para forçar os islamitas a satisfazer as exigências israelitas de prolongar a primeira fase do cessar-fogo em vez de avançar para a segunda fase originalmente planeada.

A primeira fase do cessar-fogo terminou em 02 de março, dia em que deveria ter começado a segunda fase, que previa o fim duradouro das hostilidades em Gaza e a libertação dos reféns no território palestiniano.

As negociações para a segunda fase não se realizaram e a situação ficou num impasse até ao início da semana passada, quando Israel quebrou definitivamente o cessar-fogo com uma vaga de bombardeamentos que matou centenas de palestinianos.

Leia Também: Egito propõe que Hamas informe sobre reféns vivos e retirada israelita

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