Para a AI, os líderes do bloco, composto por dez nações, devem considerar se as mortes constituem uma grave violação da Carta da ASEAN, particularmente do compromisso de defesa dos direitos humanos.
A organização não-governamental (ONG) indicou que até 9.000 pessoas foram mortas, pela polícia ou pessoas armadas, desde julho, no âmbito da campanha do Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, contra o tráfico de droga nas Filipinas.
"À medida que o número de mortos aumenta, também aumentam as provas relativas ao papel das autoridades filipinas no derramento de sangue", disse Champa Patel, diretor da AI para o Sudeste Asiático e Pacífico.
Patel considerou "um escândalo" que a cimeira da ASEAN decorra nas Filipinas e devia levar o Governo a realizar de imediato "uma investigação independente e eficaz" às mortes extrajudiciais.
Numa carta aberta ao ministro da Justiça filipino, Vitaliano Aguirre II, a AI pediu às autoridades para realizarem uma investigação imediata e imparcial a todas as mortes relacionadas com o tráfico de droga, e processarem os suspeitos, independentemente do cargo que ocupem.
O porta-voz presidencial filipino Ernesto Abella disse que "os alegados homicídios extrajudiciais não são apoiados nem aprovados pelo Estado". As operações policiais seguem protocolos definidos e quem não respeita o protocolo responde perante a lei, disse.
De acordo com Abella, o Senado filipino realizou uma investigação independente e não encontrou quaisquer provas de execuções aprovadas pelo Estado.
Na segunda-feira, o advogado filipino Jude Sabio entregou documentos ao gabinete da procuradora do Tribunal Penal Internacional (TPI), no qual acusa Duterte de ter causado a morte de mais de 8.000 pessoas na guerra antidroga.
Rodrigo Duterte foi eleito Presidente das Filipinas em maio com um programa em que se comprometia a erradicar em seis meses o tráfico de droga, apelando à execução de milhares de presumíveis traficantes.
As Nações Unidas, a União Europeia, os Estados Unidos, assim como numerosas organizações de defesa dos direitos humanos têm expressado preocupação sobre as alegadas execuções extrajudiciais.