Itália confisca navio de ONG espanhola por suspeitar ser de malfeitores

Um tribunal de Catania, na ilha italiana de Sicília, confiscou domingo um navio da ONG espanhola Proativa Open Arms, por suspeitar tratar-se de uma associação de malfeitores, o que gerou hoje protesto de eurodeputados espanhóis de diferentes partidos.

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© Reuters

Lusa
19/03/2018 19:42 ‧ 19/03/2018 por Lusa

Mundo

Sicília

A organização não-governamental (ONG) Proativa Open Arms e três dos seus responsáveis foram objeto de um inquérito por associação criminosa com vista a favorecer a imigração clandestina.

O navio da ONG foi confiscado pelas autoridades italianas no porto de Pizzallo, no sul da Sicília, onde desembarcou no sábado 216 migrantes, salvos na quinta-feira passada, ao largo da Líbia.

"Hoje, parece que a solidariedade deve ser considerada um delito", reagiu Oscar Camps, fundador da Proativa Open Arms, no decorrer de uma conferência de imprensa em Barcelona.

Para o responsável da ONG, que socorreu mais de 5.000 migrantes no ano passado, "o objetivo é que não reste qualquer outra" ONG que proceda ao socorro no mar Mediterrâneo.

Desde há um ano que uma dezena de navios de ONG patrulham o largo da Líbia, tendo efetuado 46% das operações de socorro e salvamento, de acordo com a guarda costeira italiana.

Atualmente, dois navios apenas operam, enquanto os outros suspenderam as suas operações por causa de ameaças líbias, o decréscimo de partidas ou a apreensão das embarcações.

A apreensão do navio da Proativa Open Arms, por suspeitas de "promover a migração ilegal", suscitou a intervenção de 15 eurodeputados espanhóis junto da Comissão Europeia (CE), para que se responda à pergunta se a situação vai continuar.

Os eurodeputados pertencem ao PP, PSOE, Podemos, Izquierda Unida, Iniciativa per Catalunya, Equo, BNG, ERC e PDeCAT.

Segundo a porta-voz da CE, Natasha Bertaud, a situação está a ser seguida "de perto" e aquela responsável apelou às ONG que respeitem o código de conduta estabelecido por Roma, no ano passado, preconizando que apenas os migrantes salvos em operações coordenadas por Roma podem entrar em Itália.

No ano passado, a Justiça italiana apreendeu o Iuventa, navio da ONG alemã Jugend Rettet, que denunciou ter sido alvo de "reiteradas acusações falsas".

Para 23 de abril está marcada uma audiência num tribunal de Roma.

 

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