A organização não-governamental (ONG) Proativa Open Arms e três dos seus responsáveis foram objeto de um inquérito por associação criminosa com vista a favorecer a imigração clandestina.
O navio da ONG foi confiscado pelas autoridades italianas no porto de Pizzallo, no sul da Sicília, onde desembarcou no sábado 216 migrantes, salvos na quinta-feira passada, ao largo da Líbia.
"Hoje, parece que a solidariedade deve ser considerada um delito", reagiu Oscar Camps, fundador da Proativa Open Arms, no decorrer de uma conferência de imprensa em Barcelona.
Para o responsável da ONG, que socorreu mais de 5.000 migrantes no ano passado, "o objetivo é que não reste qualquer outra" ONG que proceda ao socorro no mar Mediterrâneo.
Desde há um ano que uma dezena de navios de ONG patrulham o largo da Líbia, tendo efetuado 46% das operações de socorro e salvamento, de acordo com a guarda costeira italiana.
Atualmente, dois navios apenas operam, enquanto os outros suspenderam as suas operações por causa de ameaças líbias, o decréscimo de partidas ou a apreensão das embarcações.
A apreensão do navio da Proativa Open Arms, por suspeitas de "promover a migração ilegal", suscitou a intervenção de 15 eurodeputados espanhóis junto da Comissão Europeia (CE), para que se responda à pergunta se a situação vai continuar.
Os eurodeputados pertencem ao PP, PSOE, Podemos, Izquierda Unida, Iniciativa per Catalunya, Equo, BNG, ERC e PDeCAT.
Segundo a porta-voz da CE, Natasha Bertaud, a situação está a ser seguida "de perto" e aquela responsável apelou às ONG que respeitem o código de conduta estabelecido por Roma, no ano passado, preconizando que apenas os migrantes salvos em operações coordenadas por Roma podem entrar em Itália.
No ano passado, a Justiça italiana apreendeu o Iuventa, navio da ONG alemã Jugend Rettet, que denunciou ter sido alvo de "reiteradas acusações falsas".
Para 23 de abril está marcada uma audiência num tribunal de Roma.