A mulher de Luís Grilo, o triatleta amador que foi encontrado morto mais de um mês depois de ter desaparecido, foi ouvida pela Polícia Judiciária mas não foi constituída arguida. Em entrevista à TVI24, Rosa Grilo quebrou o silêncio, negou o envolvimento na morte do marido e expressou a dor que sente perante a situação: “O Luís faz parte da minha vida desde sempre. Difícil é imaginar o resto da vida sem ele”.
Em declarações à estação de Queluz, Rosa Grilo recordou os momentos que antecederam o desaparecimento do triatleta, no dia 16 de julho, segunda-feira. “No domingo, levámos o nosso filho à avó e ele ficou lá como era habitual aos fins de semana”, começou por recordar, explicando ainda que no dia do desaparecimento, o casal optou por ficar em casa já que Rosa estava indisposta devido à administração de um fármaco de preparação para realização de um “exame invasivo” que iria fazer no dia seguinte no Hospital de Vila Franca.
Por volta das 16h, não consegue precisar com exatidão, Luís informou Rosa que iria sair para “uma voltinha, mas que pelas 18h estaria em casa”. Questionada relativamente ao estado aparente do marido, a entrevistada admitiu que Luís “estava normal”. O filho chegaria a casa pouco depois, apenas 15 minutos após a saída do pai.
A preocupação começou a ‘desenhar-se’ quando Rosa ligou a Luís e este não atendeu. Habitualmente, “mandava mensagem e quando ele percebia retornava as chamadas ou mensagens”. Pelas 18h, Rosa voltou a tentar, sem sucesso. “Esperei porque pensei que o telemóvel estivesse no silêncio e era normal que um treino de 1 ou 2 horas passasse a 4 horas”. Já pelas 20h, a mulher ligou novamente até porque estava a anoitecer e “ele não treinava de noite”. Optou por circular nas imediações pensando que o marido poderia ter tido um furo. Foi então que decidiu ir à GNR. O filho, menor, ficou em casa, na esperança que o pai voltasse.
Dias mais tarde, apareceu o telemóvel de Luís e as buscas intensificaram-se nas imediações. A procura era coordenada pela GNR, já que muitos amigos se disponibilizaram para ajudar. “Foi angustiante. Estávamos à procura e não encontrávamos nada. Continuo à espera que o Luís abra a porta”.
Mais de um mês depois, a 24 de agosto, o corpo de Luís Grilo foi encontrado sem vida, nu e com um saco de lixo na cabeça, numa localidade no distrito de Portalegre, a 134 quilómetros de sua casa, e a pouca distância da casa dos sogros. Rosa estava na Polícia Judiciária quando recebeu a notícia. “Tinham feito a confirmação pelas impressões digitais. Mas foi tudo muito complicado. Por muitos cenários que se coloquem, nunca queremos ter essa confirmação”, referiu.
"Honestamente não sei e não conheço ninguém que lhe quisesse mal"
Quanto ao crime ainda não há respostas, mas Rosa não sente necessidade de as ter, pelo menos para já. “Não quero imaginar o que o Luís sofreu”.
Já no que aos comentários que vão surgindo diz respeito, relativamente à possibilidade de se tratar de um crime passional ou de uma relação extraconjungal ter estado na origem da morte, Rosa foi perentória ao afirmar que não presta atenção aos boatos: “Eu sei, o Luís sabia. Conhecemo-nos. A nossa vida, pelos vistos, faz confusão a muita gente. Éramos um casal feliz. Tivemos altos e baixos como toda a gente”.
A viúva do triatleta nega ter conhecimento de alguém “que quisesse mal” ao marido, desvalorizando o facto de este ter sido encontrado nu. De acordo com as informações da polícia, “esse facto pode dever-se à intenção de que o corpo se decompusesse mais facilmente ou ainda de a roupa ter vestígios de outra pessoa”, esclareceu.
Rosa Grilo tem sido alvo constante de críticas. Primeiro, porque “fui de branco ao funeral”, mas “levei a camisola que ele ganhou na última prova que ele fez. Era para eu sentir”. Depois porque tem aparentado estar “bem”, explicando a mulher que Luís não ia querer que esta “fosse abaixo. Tenho de dar força ao menino. Ele não está, estou eu e vamos continuar”.
A viúva disse ainda desconhecer o porquê de o corpo do marido ter sido encontrado perto da casa dos seus pais: “Honestamente não sei e não conheço ninguém que lhe quisesse mal”. Rosa acredita, pois, que Luís tenha sido atropelado ou assaltado e que “alguma coisa não tenha corrido bem”.