Mãe de menina assassinada pelo pai no Seixal reage à morte de Valentina

Tal como Valentina, Lara foi morta pelo progenitor, em 2019. "Quem será a próxima?", questiona Sandra Cristina.

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© Facebook / Sandra Cristina

Notícias Ao Minuto
12/05/2020 20:04 ‧ 12/05/2020 por Notícias Ao Minuto

País

Homicídio em Peniche

Sandra Cristina, a mãe da menina assassinada pelo pai, no Seixal, em fevereiro de 2019, reagiu à violenta morte da pequena Valentina nas redes sociais.

Num longo texto partilhado na sua página de Facebook, a mulher, que também perdeu a mãe às mãos do ex-companheiro, questiona a atuação das autoridades e a justiça e revela que, antes do duplo homicídio (mãe e filha) ocorrer, pediu testes psicológicos ao pai da filha, mas foi “ignorada”.

Valentina, mais uma menina indefesa a quem o próprio progenitor lhe tirou o direito à vida. Pergunto porquê?! Se não existe amor, é preferível a indiferença; se não nutre compaixão, que siga a vida noutra direção. Mas o problema nunca é a criança. Ela é apenas o meio utilizado para atingir a mãe, seja por questões subjacentes a orgulho ferido, questões monetárias, problemas de ego ou falta de caráter oprimido”, começa por escrever Sandra, para logo a seguir passar ao “cerne do problema”.

“Este reside na incompetência das nossas autoridades e justiça que é conivente e permissiva. Antigamente a lei ditava que a mãe tinha mais direitos que o pai e, atualmente, a lei só se preocupa em salvaguardar os direitos do pai. Quantas mais crianças serão necessárias morrer para perceberem que não é o pai nem a mãe que interessam, mas sim a criança, o seu bem-estar e segurança?!”, questiona a mãe enlutada, garantindo que, se não existir uma mudança de paradigma, mais mortes de crianças vão acontecer.

“Enquanto as autoridades continuarem a negar ajuda, descartarem o seu poder de intervenção e não orientarem; enquanto os juízes tomarem decisões baseadas nos direitos do pai, desvalorizando o bem-estar da criança, mais óbitos vão suceder”, atira.

Antes de concluir, Sandra Cristina revela que se debateu para analisarem o ex-companheiro, mas que foi “ignorada”.

“O nosso sistema é baseado na tortura. Excesso de zelo para quem quer adotar e indiferença para quem somente batalha em proteger os seus filhos. Façam testes psicológicos aos progenitores, visitem as suas habitações e locais de trabalho, analisem a interação das crianças com os pais e só depois tomem uma decisão. Foi nisso que me debati e fui ignorada. Agora foi a Valentina. Quem será a próxima?!”, pergunta a mulher que chegou a apresentar queixa contra o marido por violência doméstica.

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