O Presidente da República falou aos jornalistas após a missa em memória das vítimas da pandemia, que decorreu este sábado, no Santuário de Fátima. Questionado sobre as manifestações do setor da restauração contra as medidas decretadas pelo Governo, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que é um direito "legítimo" mas que estas "devem ser feitas sem violência".
"A pior coisa que podíamos ter era o confronto da sociedade portuguesa entre os que querem a abertura rápida da economia e sociedade e os que têm medo que essa abertura sacrifique a vida e a saúde", sublinhou.
"Que haja a manifestação, sim, a preocupação de encontrar soluções para os problemas, sim, que entremos numa espiral de violência que só agrava o confronto entre portugueses, isso acho que devemos evitar", acrescentou.
"Não podemos ter nem crises políticas nem situações de tensão levadas à violência, porque dissolvem o tecido económico e social, o relacionamento entre as pessoas e precisamos dessa solidariedade", acrescentou.
Marcelo Rebelo Sousa lembrou que quando decretou o estado de emergência avisou que ia haver "cansaço e fadiga". "Na altura não parecia evidente, mas passados oito meses, qualquer dia nove meses, essa fadiga existe", tal como "cansaço e frustração".
"Muitos estão desempregados, outros em situação de 'lay-off' e estão nessa situação há oito meses. Era o caso de alguns manifestantes de ontem. Outros que estão a braços com desgostos familiares, a perda de entes queridos, o não poderem acompanhar nessa perda e terem doentes nas famílias. Hoje praticamente não há nenhuma família que não tenha direta ou indiretamente, de forma próxima, alguém que convive com a covid-19 ou que sofre de outras patologias, cujo tratamento é sacrificado por causa da pandemia", afirmou ainda Marcelo Rebelo de Sousa.
Por isso, o Presidente da República entende que "ninguém está feliz nem satisfeito"."Está sofredor e a mostrar-se indignado, em muitos casos, não resignado", acrescentou.
Um grupo de empresários do setor da restauração, bares e comércio arremessaram na sexta-feira garrafas contra agentes da PSP e queimaram caixões durante uma manifestação na Avenida dos Aliados, no Porto.
No dia em que o comércio e a restauração iniciam o primeiro de dois fins de semana em que apenas podem abrir entre as 08h00 e as 13h00, no âmbito do estado de emergência, decorre uma manifestação em Lisboa, organizada por empresários com o objetivo de contestar medidas impostas pelo Governo
[Notícia atualizada às 15h10]