No último dia da sua visita à Guiné-Bissau, a primeira de um chefe de Estado português desde Mário Soares, há 31 anos, Marcelo Rebelo de Sousa foi confrontado pelos jornalistas com um dos problemas que está a dominar a atualidade internacional: a crise migratória em Ceuta, onde desde ontem chegaram oito mil migrantes oriundos de Marrocos.
A crise no Mediterrâneo não é nova, mas está a assumir novos contornos e a União Europeia continua longe de chegar a um consenso para uma solução conjunta.
“Estamos a assistir a uma abertura de uma nova frente migratória no Mediterrâneo Ocidental, e isso mostra, primeiro, como as migrações são muito rápidas, e, segundo, que mais vale prevenir do que remediar”, frisou Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que este não é um alerta feito devido à proximidade com o território português.
“É um alerta comum, mesmo quando se tratava de frentes mais orientais, mais longínquas. As pessoas quando entram numa de não querer ver e não querer prever, têm sempre a esperança de que nunca lhes bata à porta. É um erro, porque estando no mesmo barco – o mesmo barco que é o mundo, o continente africano e a Europa próximos, o mesmo barco que é a União Europeia – mais vale atuar em conjunto do que deixar fluir e ser mal resolvido depois na base casuística, ponto a ponto, individualmente. É sempre pior”, salientou o Presidente da República.
Não resolver esta crise atempadamente tem efeitos negativos, deu a entender Marcelo Rebelo de Sousa. “Porque depois encontramos uma situação de facto consumado que é injusta para todos os intervenientes. Cria as xenofobias e as intolerâncias na Europa, dificulta que a Europa como um conjunto trate da matéria, mas cria uma situação também complicada em termos africanos”, lamentou.
O chefe de Estado português apontou o caminho, a solução, embora não tenha entrado em grandes pormenores. “O problema das migrações africanas para a Europa só se resolve na origem com a criação de condições económicas e sociais por todo o continente africano”, assinalou.
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